42. Gesto Silencioso
Sophie Williams Volkova
Nunca conheci o amor que sempre desejei. Não da forma como imaginava nas noites em que me encolhia, sozinha, esperando por algo que nunca vinha. Cresci cercada por ausências — de afeto, de toque, de palavras. Nem mesmo daqueles que tinham o dever de me proteger recebi aquilo que chamam de carinho. Por isso, quando encontrei uma família que me acolheu com respeito, quase me assustei. O que para muitos era natural, para mim era novidade. E, ainda assim, essa ausência persistente deixou cicatrizes que não param de latejar.
A falta de amor não é silenciosa como dizem. Ela grita em cada lembrança. As noites em que desejei uma história para dormir e fui recebida pelo vazio. Os beijos de boa noite que nunca chegaram. Os abraços que só existiram na minha imaginação infantil. Crescer sem amor é como atravessar um inverno eterno, onde o frio não é do corpo, mas da alma. E, por muito tempo, eu realmente acreditei que havia algo de errado comigo. Que talvez eu fosse incapa