Sophie Williams sempre foi prisioneira de pais cruéis, que transformaram sua vida em um ciclo de abusos. Agora, obrigada a se casar com Mikhail Volkov, o impiedoso líder da máfia russa, ela acredita estar apenas trocando uma prisão por outra. Sem escolhas, ela aceita seu destino, enquanto Mikhail, pressionado pelo submundo, vê nesse casamento apenas um jogo de poder. A atração entre eles é inegável, mas cercada por desconfiança e ressentimento. Quando segredos são plantados entre os dois, a linha entre o desejo e a destruição se torna tênue. Sophie esconde uma verdade que pode mudar tudo, enquanto Mikhail caminha rumo a um destino traiçoeiro, sem imaginar que seu maior inimigo pode estar ao seu lado. Em meio a traições, emboscadas e uma guerra entre máfias, Sophie e Mikhail terão que decidir até onde estão dispostos a ir para proteger o que realmente importa. Mas quando o amor nasce entre o caos, será ele suficiente para salvá-los?
Ler maisSophie Williams
Ouvia um zumbido irritante nos ouvidos, como se o mundo ao meu redor estivesse se dissolvendo em um vácuo, e meu corpo, frágil, ameaçasse ceder a qualquer momento. Sabia que, se desmoronasse, ninguém viria me socorrer. O que acontece dentro dos portões da mansão Williams é um segredo que deve ser enterrado junto com as esperanças de quem ali vive. — Sophie, você está bem? Parece exausta. — A voz do fotógrafo me puxou bruscamente de volta à realidade. Havia preocupação em seu tom, mas seus olhos, como os de todos ali, estavam apenas curiosos, famintos por um deslize. Eu era um espetáculo. — Estou bem, sim. Apenas me distraí por um momento, me perdoem. — Forcei um sorriso, sentindo o peso da mentira em cada palavra. Todos voltaram aos seus afazeres, e agradeci mentalmente por ninguém notar minha farsa. Enquanto a câmera me capturava, eu me sentia livre — irônico, considerando minha situação. Os flashes traziam uma sensação de poder, algo que parecia faltar no resto da minha vida. Mas quando o ensaio terminou, o vazio voltou a me engolir, e lá estava eu, caminhando para o que deveria ser chamado de lar, mas que na verdade era minha prisão. Ao passar pelos portões, a realidade me golpeou com a força de mil verdades. A única maneira de sobreviver era obedecer — evitar confrontos, evitar punições. Esse era o preço da minha segurança. — Srta. Sophie. — Jhow me cumprimentou ao abrir a porta, sua voz abafada pela tensão que pairava no ar. — Boa noite, Jhow. O senhor e a senhora Williams já estão em casa? — perguntei, escondendo o nó na garganta. A simples menção de meus pais fazia meu estômago se revirar. Ele assentiu em silêncio, como se já soubesse o que estava por vir. — Estamos aqui, Sophie. Pensamos que não voltaria para casa hoje. — A voz de James soou seca, fria como gelo. Meus ombros se curvaram, e automaticamente abaixei a cabeça, surpresa por não ter notado sua presença. — Desculpe, senhor. O ensaio se estendeu mais do que o previsto. — Da próxima vez, avise. Você sabe que tem horário para estar em casa. Ficamos preocupados, querida. — Suas palavras tinham um tom ácido, e a ironia delas me fez engolir em seco. — Mais uma vez, peço desculpas. Posso me retirar e me preparar para o jantar? — Antes venha até o escritório; quero conversar com você. — O frio na espinha me paralisou. “Conversas” com meu pai sempre terminavam com algo quebrado em mim. Às vezes era o corpo; às vezes, a alma. Sem contestar, segui seus passos até o escritório. O espaço era grande e luxuosamente iluminado, com quadros impecavelmente pendurados nas paredes e uma estante cheia de livros, meus únicos refúgios. Fugi para tantas realidades entre aquelas páginas que, às vezes, me esquecia de que a minha própria realidade era infernal. James me olhou por um instante, seus olhos frios como sempre, antes de dizer com firmeza: — Você vai se casar! As palavras me atingiram como um soco. O mundo pareceu girar, e eu senti o chão sumir. — Não posso me casar, papai. Eu não estou pronta... —Tentei argumentar, minha voz tremendo. — Como ousa me contrariar? — A voz dele rugiu pela sala, encharcada de raiva. — Eu estou dizendo que vai casar, então sim, você vai casar, quer queira, quer não. — Ele gritou, levantando-se da cadeira e avançando em minha direção segurando-me pelo pescoço com uma força dolorosa. Arrependi-me de cada palavra, mas era tarde demais. — Eu não posso me casar, papai. Eu não quero, por favor não me obrigue. — Respondi com a voz fraca, já prevendo o que viria. Antes que ele pudesse gritar de novo, minha mãe, Victoria, gargalhou, sua risada cheia de veneno e desprezo. — Você acha que tem escolha? — Sua risada foi seca, sarcástica. — Nós já decidimos. Vai casar com Mikhail Volkov. O nome não me era estranho. Já havia lido algo sobre ele em notícias de negócios, mas o que mais me chamava atenção, além de sua beleza inegável, era sua fama como um homem frio, calculista e implacável. — Ele é o CEO da VK Enterprises, Sophie. Um dos homens mais ricos e influentes do mundo. Essa união vai nos trazer poder e prestígio. — James continuou, como se estivesse me vendendo a ideia. Minha mãe, Victoria, se aproximou com seu típico ar superior, carregando um celular na mão. Com um sorriso cínico, ela mostrou a tela para mim. "Mikhail Volkov, CEO e suposto chefe da máfia russa, acusado de envolvimento com a Tambov Gang." Eu pisquei, tentando absorver as palavras. "Suposto chefe da máfia russa." Não podia ser verdade. — Isso é uma piada? — perguntei, sentindo o desespero me dominar. — Ele é mais do que apenas um CEO, Sophie. — James falou, cruzando os braços. — Ele é o Pakhán da Tambov Gang, a organização criminosa mais poderosa da Rússia. A declaração me fez cambalear. — Vocês estão me entregando para um mafioso? Isso é loucura! — gritei, sem me importar com as consequências. Victoria bufou, revirando os olhos. — Por favor, Sophie, não seja tão dramática. A nossa família faz parte desse mundo há décadas. Você não seria diferente. — Sua voz carregava desprezo. — Ele é um empresário respeitável, influente e bilionário. E, também um mafioso, mas quem se importa? James avançou, colocando-se frente a frente comigo. — Ele escolheu se casar com você, mesmo existindo dezenas de moças mais bonitas e indicadas ao casamento com um Pakhán. Devia estar agradecida, mesmo sendo uma garota sem graça foi escolhida para ser a primeira dama. As palavras dele queimaram. Eu me senti reduzida a nada, como se minha existência fosse apenas um peso para ser passado adiante, como se meu corpo fosse um objeto a ser negociado. e, bom, eu estava sendo negociada, com a porcaria de um mafioso. — Não vou fazer isso... Eu não posso fazer isso... — minha voz saiu embargada, mas firme. — Você vai, sim. — disse Victoria com frieza. — E vai fazer isso sem causar um escândalo. — O que ele vai fazer comigo? — murmurei, minha voz quase inaudível, enquanto o terror começava a se enraizar. — Isso não me interessa. — James rebateu. — Você só precisa ser uma perfeita noiva, algo difícil considerando que você é… bom, você é você. Apenas se comporte e tudo sairá conforme deve ser, "Apenas se comporte." Essas palavras ecoaram na minha mente. Nada estava bem, e, no fundo, eu sabia que nunca ficaria. E mesmo assim, uma pergunta me assombra mais do que qualquer outra. Mikhail Volkov, e o que ele fará comigo?O silêncio dominava o quarto, cortado apenas pela respiração tranquila de Sophie, que dormia aninhada em meus braços. Diferente dela, minha mente fervilhava em um turbilhão de lembranças e emoções. Sentia o peito arder com a culpa — a culpa de ter cedido ao desejo. Eu, que prometi nunca trair a memória de Ekaterina, jurei viver apenas pelo sangue e pela máfia… agora me via preso ao calor da pele de outra mulher.Sophie: doce e veneno em um único corpo, desejo que incendeia, culpa que corrói.Inquieto, me remexi na cama. Tentei fechar os olhos, mas não consegui. O corpo nu de Sophie, colado ao meu, fazia a culpa pulsar ainda mais forte. Afastei-me. Deixei-a na cama sem ousar olhar para trás — porque, se eu olhasse, eu ficaria. E naquele momento… eu não podia.No banheiro, mergulhei sob o chuveiro gelado, tentando sufocar o caos dentro de mim. Mas era impossível não sentir que havia acabado de trair Ekaterina. A dor era insuportável, tão intensa que, pela primeira vez em anos, me rendi
Mikhail VolkovO gosto dela era tudo o que eu não sabia que precisava. Doce, intenso e inebriante. Quando a senti se entregar em meus braços, algo dentro de mim quebrou — a muralha fria que carreguei por anos se estilhaçou diante do olhar que Sophie me lançava.Ela tremia, não de medo, mas de antecipação. Eu podia sentir. Suas mãos agarraram minha nuca com urgência, implorando para que eu não parasse.Desci os beijos por sua mandíbula, ouvindo o som entrecortado de sua respiração. Cada gemido baixo que escapa de seus lábios, era como gasolina correndo em minhas veias.— Eu vou cuidar de você, Malysh… — prometi, minha voz rouca contra sua pele. — Esta noite, você é só minha.Minha intenção ao entrar naquele quarto era explicar o que aconteceu hoje cedo e descobrir o que ela queria com meu pai, mas tê-la tão perto do meu corpo foi como jogar gasolina em um incêndio. Eu a queria, a desejava, ansiava tocar cada centímetro de sua pele e marcá-la como minha.— Apenas me faça sua — sua voz s
Andrei permanecia olhando o jardim. Por um instante, parecia querer fugir dali, mas o peso em seus ombros denunciava o contrário. Suspirou e baixou o olhar, como se cada palavra que tentasse dizer lhe rasgasse o peito.— Nunca deixei de amá-la… nem por um dia. Cada lembrança está guardada, intacta. Hoje fazem seis anos que a vi pela primeira vez… e faz exatamente um ano que a vi pela última vez.Senti um aperto no coração. Não havia julgamento, apenas a crueza da dor que ele carregava. Seu olhar, carregado de melancolia, era o que mais doía, pois eu sabia perfeitamente como era querer alguém que não podia ter de corpo, alma e coração.— Sinto muito, Andrei. Não consigo imaginar o que você está sofrendo… espero que, em algum momento, encontre a sua felicidade.— Você vive algo parecido, não é? — Seus olhos verdes encontraram os meus, tentando decifrar minha expressão. — Meu irmão é cabeça dura, mas espero que, em algum momento, ele perceba… que também a ama. Pois você, Sophie, merece t
Sophie Williams Volkova Meus olhos ardiam, o coração acelerava, mas minha postura permanecia firme. Encarei Roman com serenidade — ou pelo menos a aparência dela. Por dentro, segurava uma batalha silenciosa. — Você está bem? — perguntou, embora o olhar denunciasse que já sabia a resposta. — Sim. Vim pedir um favor. — Cortei o caminho da conversa, abafando o eco áspero da discussão anterior. — Peça. Se eu puder ajudar, farei. — Gostaria que não enviasse mais dinheiro aos meus pais. — A palavra pais desceu áspera, como metal oxidado. — Posso saber o motivo? — Ele arqueou uma sobrancelha, recostando-se na poltrona enquanto me avaliava. — Sei que havia um objetivo estratégico no casamento com Mikhail. Para eles, foi uma chance de resgatar o prestígio e manter o nome Williams vivo no mercado. — Respirei fundo. — Mas já lucraram o suficiente. E... pude ver que estão muito bem financeiramente. Mais do que o necessário. — Entendo. Mas você sabe que existe um compromisso firmado. — Ass
Mikhail VolkovAssim que o jatinho tocou o solo gelado de Moscou, ouvi Sophie soltar um suspiro longo — como se, enfim, pudesse respirar de verdade. Havia alívio em cada gesto dela, e quando Alek correu em sua direção, vi algo brilhar nos olhos que antes pareciam sempre à beira da tormenta.Ela se abaixou, mesmo com a bota ortopédica, e o abraçou com tanta força que me perguntei se teria aguentado mais dias longe dele. Talvez não. Talvez ele fosse sua âncora, como é a minha.Fiquei ali, parado, observando.— Eu sempre vou voltar para você — digo ao meu filho, quando ele pula no meu colo e se agarra ao meu pescoço.Ele sorri, os olhos faiscando como os meus. Retribuo o sorriso por reflexo.— Eu amo você, papai.— O papai também te ama — sussurro, pressionando o rosto contra seus cabelos escuros.A entrada da casa é preenchida com abraços e cumprimentos. Mama vem ao meu encontro com um sorriso cheio de ternura. Meus braços a envolvem com naturalidade.— Estávamos com saudades de vocês —
A noite foi longa. Os pesadelos pareciam mais intensos, talvez pelo simples fato de saber que os fantasmas que me assombram dormiam a poucos cômodos de distância. A sensação de claustrofobia emocional era sufocante.Assim que a manhã chegou, levantei com pressa. Tomei banho, me vesti e arrumei minha mala em silêncio. Quando Mikhail acordou, eu já estava pronta.— Já acordada? — ele murmurou com a voz rouca, os cabelos ainda desalinhados.— Bom dia. Só quis adiantar tudo. Quero ir embora logo.Falei tentando soar neutra, mas era impossível esconder o quanto desejava sair dali. Estava no limite.— Pode me esperar lá embaixo. Já desço — disse ele, indo em direção ao banheiro.Sem responder, puxei a mala e deixei o quarto. Descer as escadas com a bota ortopédica foi um pequeno desafio, mas logo cruzei a porta da frente. O ar fresco da manhã me atingiu como um alívio. E, como sempre, Viktor já estava atento.Assim que me viu, veio em minha direção com passos firmes.— A senhora devia ter m
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