43. Momento Passageiro
Mikhail Volkov
Ela não voltou o dia inteiro.
Depois que saiu pela manhã, sumiu. Nem uma mensagem, nem um sinal.
Há algumas horas, Viktor me avisou que a levou para um parque. Dei a ela o espaço que precisava naquele momento.
Voltei para casa e a esperei. O tempo passou devagar, arrastado. No sofá da sala, a garrafa de uísque de 50 anos que guardava na estante foi minha única companhia — já estava pela metade quando ouvi o som do carro lá fora.
Minutos se passaram até a porta se abrir. Ela entrou com passos calmos, uma calma medida, o olhar vago.
Depois de me responder vagamente, começou a subir as escadas. Em passos largos, a alcancei, enlaçando sua cintura e trazendo seu corpo até o meu.
— Espera. — Sussurrei, próximo demais da sua pele.
Ela demorou alguns segundos para reagir, mas se virou e me encarou. Os olhos eram um misto de cansaço e confusão. Empurrou meu peito. E soltei sua cintura sem resistir.
— O que pensa que está fazendo, Mikhail? — perguntou com a voz baixa, firme.
— Po