Eu acordei devagar, como se meu corpo ainda estivesse preso a um sonho pesado. A luz branca do hospital invadia meus olhos, fazendo-os se fecharem quase que por instinto. Mas aquela claridade não era mais um castigo — era a promessa de que eu ainda estava viva.
A primeira coisa que percebi foi o silêncio. O silêncio de um quarto que carregava muitas histórias, muitas dores, mas, naquele instante, me dava uma sensação estranha de calma.
Abri os olhos com esforço e meus pensamentos começaram a se organizar vagarosamente. A garganta ainda ardia, o pescoço estava preso em algo que me impedia de virar a cabeça com facilidade, e meus músculos, tão fracos, reclamavam a cada movimento.
E então eu ouvi uma voz.
Não uma voz qualquer, mas uma voz que eu não escutava há meses.
— Sara...
Meu coração disparou.
Levei um tempo para reconhecer a dona daquela voz — para entender que aquela mulher sentada ali, tão quieta, tão séria, era minha mãe.
Catarina.
A última vez que nos vimos foi na minha format