POV Luca
A chuva batia contra as enormes janelas da sala como uma mão inquieta, tentando entrar. Um prenúncio. Senti a umidade impregnada no ar, como se o próprio tempo pressentisse o que estava por vir.
Abaixei a cabeça, apoiando os cotovelos na mesa pesada de carvalho escuro. Cada movimento fazia minhas costelas reclamarem, mas eu não me permitia demonstrar fraqueza. Não na frente dos meus homens. Não agora.
Marco entrou sem bater. Como sempre fazia. Lealdade não precisava de convites formais.
— Precisa descansar, chefe. — disse ele, de pé diante de mim, as mãos cruzadas atrás das costas.
Ergui os olhos para ele. Marco parecia uma parede humana. Imóvel. Inquebrável. Alguém que eu teria ao meu lado até o fim — e que, se eu caísse, cairia junto.
— Depois. — murmurei. — Primeiro, temos que falar sobre ela.
— A garota?
Assenti, olhando para o andar superior, onde sabia que Sara estava se preparando para dormir. Se é que conseguiria.
— O que descobriu? — perguntei, puxando um cig