O quarto ainda estava mergulhado em penumbra quando abri os olhos. A luz filtrada pela cortina desenhava faixas suaves no lençol amassado, e o ar tinha aquele cheiro inconfundível de nós dois. Pele, suor, desejo. Enzo dormia ao meu lado, deitado de lado, o braço estendido, como se ainda me procurasse mesmo dormindo.
Fiquei ali por alguns minutos, observando.
Ele parecia tão diferente assim... tranquilo. Nenhum traço da tensão constante, da postura rígida de segurança, do executor impiedoso. Apenas um homem. O homem que me amou com tanta delicadeza na noite anterior, como se estivesse me devolvendo à vida.
Meu peito apertou.
Toquei de leve a linha do maxilar dele. A barba por fazer arranhava suavemente minha pele. Era lindo. Era meu. E, ainda assim... não podia continuar sendo.
Me levantei devagar, tentando não fazer barulho. Vesti minha roupa em silêncio, engolindo cada parte de mim que queria deitar de novo, beijá-lo mais uma vez, fingir que não existia o resto do mundo.
Mas o mundo e