Fazia dias que eu andava como uma sombra dentro daquela casa.
A ausência de Enzo ainda doía.
Luca tentava manter a compostura, mas eu sabia que por dentro ele estava quebrado, assim como eu. E o restante da casa seguia com aquele mesmo ar tenso, como se todos estivessem esperando algo — um grito, uma confissão, ou talvez uma tragédia.
Naquela manhã, acordei cedo, bem antes do restante da casa. O silêncio ainda pairava pesado, cortado apenas pelos pássaros lá fora e algum som distante de motor vindo do fundo da propriedade.
Não sei o que me levou até a garagem. Talvez o hábito de procurar por sinais de Enzo. Ou talvez só a necessidade de me movimentar, de fugir do sufocamento do meu quarto.
Atravessei o jardim lateral com passos lentos. O céu estava encoberto, o vento fresco batendo no rosto como um lembrete de que o tempo não parava. Mesmo que eu estivesse presa naquele vórtice de sentimentos.
Cheguei à garagem principal. O portão de ferro estava entreaberto, o som do rang