Ponto de vista: Luca
Ela saiu de casa vestindo uma camisa branca e um jeans branco, a mochila nas costas, o cabelo preso em um coque improvisado. Estava com pressa — como sempre. Sara caminhava como se o mundo não estivesse desabando lentamente ao redor dela. Como se nada pudesse tocá-la.
Mas eu sabia. Sabia o quanto aquilo era uma armadura frágil.
Fiquei observando da janela do meu quarto, escondido atrás da cortina entreaberta. Não tinha falado nada quando ela me disse que voltaria à universidade. Só encarei. Deixei que o silêncio falasse no meu lugar.
Não porque eu concordasse.
Mas porque não tinha o direito de impedi-la.
E ainda assim, mandei Enzo segui-la.
Ela não sabia. Ou fingia que não sabia.
Eu precisava ver se ela conseguia manter a própria vida sob controle mesmo com o caos à espreita. Precisava saber o quanto ela ainda pertencia ao mundo normal… e o quanto já estava presa ao meu.
A cada passo dela naquela calçada, algo dentro de mim se esticava como um fio tenso. Frágil. Q