A jovem Bellamina Montenegro é tragada por um ciclo de terrores noturnos e segredos ancestrais ocultos sob a fachada aristocrática de sua família. Atormentada por sonhos intensos com uma mulher sobrenatural e marcada por visões e mudanças em seu corpo, Bellamina começa a descobrir que sua linhagem está profundamente ligada a rituais sombrios e pactos antigos. Enquanto luta para entender o que é real ou alucinação, ela se vê presa entre desejos proibidos, heranças malditas e um destino que ameaça consumi-la por completo. No coração da narrativa, se entrelaçam desejo, culpa, vingança e maldição, com passagens que remontam a um passado ritualístico marcado por sangue, invocações e possessões espirituais. Cada personagem, inclusive seu pai Alaric, carrega cicatrizes do mesmo véu que agora ameaça engolir Bellamina — uma linhagem corroída por entidades obscuras e segredos abafados pela moralidade da alta sociedade. Quando a empregada da mansão decide romper o silêncio, dois investigadores — Genevieve Hester e Graham Sullivan — são chamados para ajudar a desvendar os mistérios que cercam a jovem. Especialistas em fenômenos ocultos e tragédias familiares, eles mergulham em arquivos esquecidos, inscrições de sangue e verdades enterradas, buscando romper o ciclo antes que seja tarde demais. Porque algumas verdades estão escondidas justamente onde a luz não alcança.
Leer másAs ruas silenciosas de Odessa emanavam uma calmaria quase sufocante, suas fachadas góticas e pináculos atuando como guardiões esquecidos da cidade, testemunhas de segredos enterrados sob cada uma das construções antigas. O Bulgatt Royale deslizava pelas vias sem pressa, até que, após alguns minutos, parou diante dos muros imponentes do cemitério. Os portões de ferro fundido estavam apenas semiabertos, balançando levemente pela brisa que soprava pela rua vazia.Graham desligou o carro e desceu, com Genevieve e Bellamina logo atrás, quebrando o silêncio que parecia opressivo.— Espero que encontremos alguma resposta aqui — murmurou Bellamina, apreensiva, enquanto seus olhos percorriam o ambiente sombrio.— Precisamos encontrar o túmulo de Velkan ou Tisbe Stoker — respondeu Genevieve, com a voz baixa. — Acredito que algo importante está guardado aqui.Graham assentiu, avançando em direção ao portão enferrujado, que rangeu ao ser empurrado, como se relutasse em permitir a entrada. Os três
A luz do sol atravessava suavemente as altas janelas, tingindo o corredor com um brilho dourado que contrastava com as pesadas cortinas vermelhas. O silêncio predominava, quebrado apenas pelo suave farfalhar das cortinas e pelos passos cuidadosos de Genevieve Hester sobre o mármore polido. Seus pensamentos ainda ecoavam as revelações recentes de Henry Montenegro, especialmente sobre seu envolvimento com Imogen Stoker. O pesar e a culpa de Henry eram palpáveis quando ele falou da maldição que pairava sobre sua linhagem. “Nem mesmo o amor que eu sentia por ela pôde extinguir as sombras que envolviam seu sangue”, ele dissera, com uma voz quebradiça e cheia de dor.O que mais perturbava Genevieve era a maneira como Henry falara com Bellamina, como se reconhecesse em sua jovem aparência a alma de Imogen. “Você amaldiçoou minha linhagem e nem percebeu. Quando descobri... já era tarde demais. Agora, você se esconde atrás dessa nova casca mortal”, ele dissera, olhando para Bellamina com olhos
Isadora Montenegro refugiou-se em seu quarto após o tumultuado confronto daquela manhã. O eco da discussão ainda reverberava em sua mente. A chegada inesperada dos investidores trazidos pela Sra. Gilles, a briga feroz com Bellamina e as perturbadoras revelações de Genevieve sobre Alaric a deixaram à beira do colapso. Cada pensamento latejava em suas têmporas, como um martelo invisível batendo ritmicamente.O quarto que Isadora compartilhava com Alaric era vasto e imponente, mas, naquela manhã, a luz do sol parecia suavizar sua aura melancólica. Raios dourados penetravam pela grande janela, envolvendo os pesados cortinados de veludo em um brilho suave, transformando os tons escuros do tecido em delicadas nuances de ameixa e violeta. O frescor da manhã trazia consigo o aroma das flores que desabrocharam lá fora. O lustre de cristal cintilava suavemente, como se estivesse adornado por estrelas que se recusam a desaparecer. Na lareira, o vento brincava levemente com as cinzas apagadas, en
Enquanto Genevieve, Bellamina e a Sra. Gilles seguiam em direção ao cemitério para investigar o túmulo de Imogen Stoker, Graham permanecia na biblioteca da mansão Montenegro, determinado a desvendar os mistérios que cercavam a mulher e sua conexão com a maldição da família. O ambiente, iluminado pela luz suave do lustre de cristal, refletia-se nas estantes de madeira escura, criando sombras profundas nos móveis de veludo vermelho.As prateleiras, adornadas com bustos de mármore, pareciam observar Graham em silêncio, como guardiões dos segredos ali guardados. A cada livro que ele puxava, uma sensação opressiva crescia ao seu redor, como se a biblioteca estivesse impregnada por uma presença invisível. O retrato de Imogen Stoker, pendurado sobre a lareira, parecia observar o investigador com um olhar que quase seguia seus movimentos. Seus olhos, um verde e outro âmbar, pareciam transbordar uma melancolia profunda que fez o coração de Graham acelerar.Depois de horas de busca, ele encontr
Os raios de sol filtravam-se suavemente através das altas janelas, tingindo o corredor com uma luz dourada que contrastava com as ricas cortinas vermelhas. O chão de mármore, polido e impecável, refletia o brilho do lustre de cristal que pendia majestoso do teto abobadado, seus pequenos pingentes cintilando como estrelas aprisionadas. O silêncio reinava, interrompido apenas pelo leve farfalhar das cortinas e pelos passos cautelosos de Bellamina, da Sra. Gilles e dos investigadores. Uma inquietação pairava no ar.Bellamina, que liderava o grupo, caminhava com passos pesados, lutando para controlar suas mãos trêmulas. O peso da revelação de Genevieve a sufocava. Em seus pensamentos, ainda ecoava a voz da investigadora: “O homem que você viu nos sonhos foi forçado a reencarnar em sua família. E você é a última reencarnação dele.” A jovem mal conseguia compreender como isso era possível. Afinal, o que ela era? Apenas uma alma antiga em um corpo novo, destinada a encontrar novos lares repe
Quando Genevieve e Sra. Gilles chegaram no quarto de Bellamina, a jovem se encontrava deitada de bruços e chorando.— Bellamina, querida? — Disse Sra. Gilles. — Não chore, os investigadores estão aqui para ajudá-la. — A senhora então caminhou até a cama e se sentou na borda e acariciou os longos cabelos negros da jovem.Bellamina respirou fundo e se sentou encostando a cabeça no ombro da empregada, de seus olhos cinza-azulados ainda escorriam algumas lágrimas e eles encaravam Genevieve, e então Graham que chegou logo depois. — Vocês realmente podem me ajudar?— Farei o possível para que tudo isso seja resolvido. — Genevieve falou de forma acolhedora. — Podemos conversar?Bellamina assessou com a cabeça, e então a investigadora se aproximava com passos curtos e silenciosos, enquanto Graham estava parado na porta apenas observando atentamente.— Posso me sentar? — Genevieve perguntou.— Sim. — Bellamina respondeu, apontando para a borda da cama diante dela, e a mulher sentou tranquilam
Após Genevieve Hester e Graham Sullivan deixarem o quarto de Bellamina, foram conduzidos pela sra. Gilles através dos corredores da mansão Montenegro. Os passos ecoavam no assoalho de madeira, e o ar era pesado, carregado com o aroma de um perfume adocicado que pairava sutilmente, como uma sombra. Ao virarem a última curva, desceram a escadaria de madeira polida com o som dos passos abafado pelos pesados carpetes carmesim que corriam ao longo dos degraus. Quando terminaram de descer, a Sra. Gilles levou os investigadores por um arco do lado esquerdo do hall de entrada, através de um corredor igualmente detalhado como o andar superior, mas este além de suas portas de ébano em pequenos intervalos, também era adornado com retratos a oleo de alguns membros da linhagem Montenegro, até que por fim chegaram a mais um arco, com uma porta de vidro aberta, que conduzia em direção à ampla varanda, onde a família Montenegro tomava o café da manhã. Ao chegar à varanda principal, o cenário se de
O elegante Bugatti Royale de Graham e Genevieve deslizava silenciosamente pela estrada ao norte de Odessa, aproximando-se das encostas das montanhas. No horizonte, envolto por uma névoa pesada, se erguia o vale que abrigava a vasta propriedade da família Montenegro. As árvores ladeavam o caminho, projetando sombras à medida que o carro avançava. Genevieve, no banco ao lado de Graham, observava em silêncio as paisagens que se revelavam. O ar ao redor parecia ficar mais denso, carregado de uma inquietação invisível. Embora tentasse manter a calma, sentia um calafrio crescente enquanto se aproximavam da mansão. Havia algo na atmosfera que ressoava com os pesadelos descritos por Sra. Gilles no telefonema que receberam.— Estamos quase lá — murmurou Graham, os olhos fixos na estrada sinuosa à frente. A sua voz parecia distraída, como se também estivesse sentindo o peso opressivo da propriedade Montenegro enquanto atravessavam os portões de ferro prateado.A mansão Montenegro, envolta na l
A noite sem lua pairava com uma inquietação constante dentro das paredes da Mansão Montenegro. Enquanto Alaric saía para mais um encontro com o Homem Noturno, Bellamina se debatia em sua cama, sentindo uma presença opressiva e misteriosa sobre ela. A mulher noturna estava deitada ao seu lado, arrancando a camisola de Bellamina e mordendo seu pescoço, extraindo um pouco de sangue. O cheiro de velas queimando era nauseante, e Bellamina tentava abrir os olhos, desesperada para escapar daquela tortura.Quando conseguiu abrir os olhos, Bellamina se viu novamente no meio de um círculo de pedras negras. Seus cabelos castanhos claros balançavam ao redor de sua cabeça, e as chamas das velas davam a seus olhos verdes um tom quase âmbar. O cheiro da cera queimada era pungente, e, apesar da brisa gélida, as velas permaneciam acesas. Ela percebeu que o fino véu preto que a cobria havia desaparecido, misturando-se com a escuridão ao seu redor.Diante dela, no centro do círculo, havia um homem de p