XXXIX. Filho do Eclipse
O silêncio da câmara subterrânea foi quebrado apenas pelo leve som das gotas que escorriam por alguma fissura nas pedras antigas. Serena não sabia quanto tempo havia se passado. Horas? Dias? Não havia janelas. Nenhum marcador de tempo. Apenas o cansaço progressivo em seu corpo e a inquietação crescente na mente.
As roupas limpas que deixaram para ela eram feitas de um tecido macio e escuro, quase como uma segunda pele. Ela vestiu por necessidade, mas cada fibra parecia conter algo mais — uma energia antiga, talvez encantamentos que serviam para conter sua transformação. Mesmo assim, seu corpo começava a se adaptar. Ela sentia isso. O véu que bloqueava sua loba estava se tornando mais tênue.
E então, finalmente, uma nova presença adentrou a sala.
Era diferente de Ezra. Havia algo mais jovem, mais impetuoso, quase animalesco no ar. O som das botas ecoou pelo chão de pedra até que ele surgiu, saindo da escuridão como um predador saindo da mata.
— Então é você — disse a voz grave, arrasta