Mundo ficciónIniciar sesiónSerena sempre buscou uma vida tranquila, longe das amarras de uma matilha e do peso de um destino que nunca quis carregar. Como uma ômega independente, construiu sua rotina em Pembrokeshire, trabalhando como designer de interiores e aproveitando sua liberdade. Mas tudo muda na noite em que um par de olhos prateados a encontra na escuridão. Ele a observa. Ele a sente. E, acima de tudo, ele a reivindica. Dominic é um alfa misterioso, um homem envolto em sombras e segredos, cujo cheiro invade os sentidos de Serena e desperta nela algo que sempre tentou ignorar. O destino deles está entrelaçado, e negar essa conexão pode ser mais perigoso do que aceitá-la. Enquanto antigas lendas ressurgem e o passado de sua linhagem volta para assombrá-la, Serena precisa decidir entre continuar fugindo ou finalmente encarar quem realmente é — e o que significa pertencer a alguém como Dominic. Em um mundo onde o instinto dita as regras, o coração de Serena pode ser sua maior arma… ou sua ruína.
Leer másA lua cheia pairava no céu como um olho prateado, banhando a paisagem de Pembrokeshire com sua luz espectral. Serena puxou o casaco mais rente ao corpo, tentando afastar o frio cortante que invadia a noite. Caminhava lentamente pela trilha que levava de seu escritório até sua casa alugada, um trajeto que ela já conhecia de cor. As ruas estavam vazias, apenas o som distante das ondas quebrando contra as rochas ecoava na escuridão.
Desde pequena, Serena sentia um magnetismo estranho em noites como essa. Era como se algo dentro dela estivesse inquieto, ansioso por algo que nem mesmo ela sabia nomear. Mas ao contrário dos alfas da matilha local, que celebravam a lua cheia como um momento de conexão com suas naturezas lupinas, ela preferia ignorar. Não era parte daquilo. Nunca fora.
Suspirando, acelerou o passo. Ainda sentia os efeitos do longo expediente no escritório de arquitetura, onde passou o dia ajustando os detalhes de um novo projeto para um restaurante sofisticado no centro da cidade. Serena gostava do trabalho, da precisão das linhas, da simetria entre formas e cores. Criar algo belo e funcional era uma arte, e ela se orgulhava disso. Mas o cansaço a consumia agora, e tudo o que queria era um banho quente e uma noite de sono profundo.
O vento soprou forte, trazendo consigo um cheiro novo. Um aroma amadeirado, denso, misturado ao perfume de algo que ela não conseguia definir. Serena parou por um instante, franzindo o cenho. Seu lado ômega reagiu antes de sua mente, o estômago revirando em um misto de alerta e curiosidade. Olhou ao redor, mas não viu ninguém. Apenas a escuridão silenciosa.
“Estou ficando paranoica”, murmurou para si mesma, retomando a caminhada.
Chegou em casa pouco depois, destrancando a porta e jogando as chaves sobre a pequena mesa de madeira no hall de entrada. O espaço era modesto, mas aconchegante. Tons neutros, luzes amareladas e plantas cuidadosamente dispostas pelos cantos faziam dali um refúgio tranquilo. Serena chutou os sapatos, tirou o casaco e foi direto para o banheiro.
A água quente aliviou a tensão de seus músculos, mas não acalmou a sensação inquietante que persistia. Aquela fragrância ainda impregnava suas narinas, como se tivesse grudado nela de alguma forma.
Foi só quando se deitou na cama, envolta no cobertor macio, que sentiu seu corpo finalmente relaxar. Seus olhos se fecharam, e, por um momento, tudo pareceu normal.
Até o uivo ecoar na noite.
Serena se sentou de sobressalto, seu coração disparado. O som ressoou mais uma vez, profundo e carregado de uma emoção que ela não soube decifrar. Não era um uivo comum. Havia algo nele – algo que despertava um instinto primal dentro dela.
Levantou-se e foi até a janela, afastando a cortina com cuidado. Lá fora, a floresta que margeava sua rua parecia maior do que o normal, as sombras das árvores oscilando com o vento. Seus olhos percorreram a escuridão, buscando qualquer sinal de movimento.
Então, ela viu.
No limite da floresta, entre as sombras e a luz da lua, um par de olhos brilhantes a observava. Olhos prateados, penetrantes. Uma silhueta alta e robusta se destacava contra o fundo escuro, os músculos evidentes mesmo na forma humana. Um alfa.
Serena sentiu o ar sair de seus pulmões em um sopro curto. Ela não conhecia aquele homem, e, no entanto, algo nele fazia seu coração martelar contra o peito. Era o dono do cheiro que a perseguiu desde sua caminhada?
O estranho não se moveu. Apenas ficou ali, encarando-a, como se esperasse algo.
Seu lobo interior rosnou, inquieto.
E então, num piscar de olhos, ele desapareceu na escuridão.
O dia amanheceu com o cheiro da chuva pairando no ar, as nuvens ainda carregadas no horizonte. Serena despertou com a mente embaralhada, a lembrança dos olhos prateados ainda vívida em sua memória. Tinha sido real? Ou apenas um devaneio causado pelo cansaço?
Tentando afastar a sensação estranha, levantou-se e seguiu sua rotina matinal. O aroma forte de café preencheu sua pequena casa enquanto ela se sentava à mesa, distraída, rolando o feed do celular sem realmente absorver o conteúdo. Mas sua mente insistia em voltar à noite anterior.
Quando chegou ao escritório, ainda se sentia inquieta. O prédio era moderno e minimalista, com paredes de vidro que permitiam a entrada de luz natural. Seus colegas já estavam em suas mesas, imersos em projetos e conversas. Laura, sua colega mais próxima, percebeu seu olhar distante.
— Você está bem? — perguntou, franzindo o cenho. — Parece que viu um fantasma.
Serena hesitou antes de responder:
— Não é nada. Só não dormi muito bem.
Laura estreitou os olhos, mas não insistiu. Sabia que Serena não era do tipo que compartilhava suas preocupações com facilidade.
A manhã transcorreu sem grandes incidentes, até que, por volta do meio-dia, o cheiro voltou.
Aquele mesmo aroma amadeirado, agora mais intenso, invadiu seu espaço como uma tempestade. Serena congelou, sua respiração presa na garganta. E então, como se atraída por um ímã, seus olhos foram até a entrada do escritório.
Lá estava ele.
O homem da noite anterior.
Vestia uma camisa escura, dobrada nos antebraços, e calças jeans escuras que realçavam sua presença dominante. Seus cabelos eram negros como a noite, ligeiramente desgrenhados, e seus olhos prateados a prenderam no lugar.
Ele não desviou o olhar, atravessando a recepção sem hesitar, como se soubesse exatamente onde encontrá-la.
Serena engoliu em seco quando ele parou diante de sua mesa.
— Precisamos conversar — sua voz era baixa, firme, carregada de algo que a fez estremecer.
O coração de Serena disparou.
Ela não sabia quem ele era.
Mas tinha certeza de que sua vida jamais seria a mesma depois desse encontro.
O rescaldo da batalha contra as criaturas das sombras deixou um rastro de exaustão e incerteza, mas também forjou uma determinação de aço no coração da matilha. O amanhecer pintou o céu com tons frios de cinza, e a floresta, antes um refúgio seguro, agora parecia um labirinto de perigo. Dominic, com Serena ao seu lado, olhou para sua matilha. Eles não eram mais apenas um bando de lobos leais e renegados. Eles eram uma família, uma mistura improvável, unida por um objetivo comum: a sobrevivência e a busca por um novo lar.Um dos lobos mais velhos, de pelos brancos e olhar cansado, se aproximou de Dominic.— Alfa — ele disse, sua voz um rosnado grave que ecoava a fadiga de todos. — Estamos exaustos. Por quanto tempo vamos correr no escuro?A pergunta do velho lobo não era de insubordinação, mas de desespero, e Dominic sentiu o peso da liderança pesar sobre seus ombros.Dominic pousou a mão no ombro do lobo.— Não estamos correndo no escuro, Velho. Estamos seguindo uma luz. A jornada será
O alívio após o confronto contra as criaturas das sombras foi tão tênue quanto a fumaça que restou dos inimigos. O ar ainda estava carregado de uma energia fria e nauseante, o eco de um perigo que não podia ser visto, mas que havia deixado suas marcas invisíveis. A matilha se encolheu em um círculo de medo e incerteza, seus corpos exaustos, corações ainda batendo em um ritmo acelerado contra as costelas. Eles se olhavam, buscando em seus olhos uma confirmação de que aquilo havia realmente acontecido e de que não eram os únicos a sentirem a ameaça iminente. O terror de ter enfrentado um inimigo intangível, que se alimentava da própria alma, pairava sobre eles como uma mortalha.Os murmúrios se espalhavam pelo grupo. "O que eram eles?", "Por que estão nos caçando?", "Não temos para onde ir". O pânico era uma corrente invisível, ameaçando arrastar a todos para o desespero. Dominic, no entanto, não permitiu que o caos se instalasse. Ele se manteve firme, sua postura de Alfa renovada, a mã
O terror não era uma voz, mas o silêncio que se instalou na floresta. As "criaturas das sombras" não caminhavam, não rugiam; elas se moviam como fumaça densa e maligna, deslizando entre as árvores com uma velocidade antinatural. Seus corpos, compostos de uma escuridão vibrante, pareciam feitos de puro vazio, e a única coisa que denunciava sua existência eram os olhos, pequenos pontos de carmesim que brilhavam com uma malícia ancestral. Eles não eram lobos, nem vampiros, nem qualquer criatura que a matilha conhecesse. Eram algo mais antigo, algo que se alimentava do medo.Lilith, com a mão firmemente na de Seth, se encolheu, seus olhos dourados fixos nas sombras. Sua pele estava pálida, e o filete de sangue seco em seus lábios era um lembrete cruel do preço que ela havia pago por seu poder. Seth, sentindo a angústia dela, apertou sua mão. Sua nova energia, um presente e uma maldição, o permitia sentir cada onda de medo que emanava dela, mas também uma determinação férrea. Ele estava al
O alívio na câmara ancestral da caverna foi tão breve quanto um suspiro, logo substituído pela urgência fria que anunciava a partida iminente. A matilha se preparava para a fuga sob o peso de uma urgência silenciosa. O perigo não era mais a Matilha Sombria, um inimigo familiar que eles sabiam como combater, mas sim uma ameaça nova, invisível e arrepiante. A magia caótica que Lilith invocara agia como um farol, atraindo para si algo que se escondia nas sombras. A matilha se movia com um novo tipo de cautela, não de predadores, mas de presas.Dominic, agora com a alma mais leve, não era mais o Alfa distante. Ele estava presente, seus olhos cinzentos e alertas, sua mente focada na segurança de todos. A mão de Serena estava firmemente entrelaçada com a dele, e a cada passo, ele sentia a pulsação suave da vida em seu ventre. Eles não precisavam de palavras. O vínculo entre eles, fortalecido pela certeza da criança que ela carregava, era um pilar de força que os sustentava. Eles se moviam la
O ar na câmara ancestral da caverna era pesado e carregado, vibrando com o resquício de uma magia caótica que acabara de ser invocada. O silêncio, antes opressor, agora era o testemunho do que havia acontecido. Lilith, ajoelhada ao lado de Seth, estava com os olhos fechados, o corpo esgotado e a pele úmida de suor. A magia primitiva, violenta e perigosa, havia cobrado seu preço. Em sua pele pálida, novas e intrincadas marcas escuras surgiram, como veias de obsidiana que se ramificavam da ponta de seus dedos até os seus ombros em uma espécie de "dêgrade" perdendo a tonalidade quanto mais se distanciavam de suas mãos, em seu peito pulsava uma luz fraca e sinistra e seus olhos ficaram completamente pretos como a noite por alguns minutos. Era o sinal do poder que ela invocara, uma prova do sacrifício que ela fez.Elara, o curandeiro ancião, estava de pé, suas mãos tremendo levemente. Ele observou o corpo inerte de Seth com um semblante sério. O ritual havia sido bem-sucedido, mas o result
O campo de batalha recém-silenciado se estendia sob a luz fria da lua, um cenário de sombras e sangue. Os ecos da vitória contra a Matilha Sombria eram abafados pelo uivo de dor de Dominic, um som gutural que rasgava a noite. Ele estava de joelhos, o corpo tremendo, o rosto manchado de lágrimas e terra. À sua frente, o corpo de seu irmão, Seth, estava imóvel. A cabeça pálida, com os cabelos loiros escuros e desalinhados, repousava em uma rocha, um filete de sangue que escorria de sua têmpora. Lilith estava ao seu lado, a mão tremendo ao tocar a pele fria de Seth, a fúria de sua batalha se transformando em um desespero avassalador que a esmagava por dentro.Dominic se sentia impotente. O Alfa, o líder, o homem que havia voltado para proteger sua família, estava ali, à mercê do destino. Ele se sentia culpado. As palavras de Lilith, "É por sua culpa!", ecoavam em sua mente como uma maldição. Ele não podia negar. Seu medo, sua hesitação, sua luta com seus próprios demônios o haviam cegado
Último capítulo