O silêncio que ficou depois da saída de Otávio parecia grudar na minha pele, pesado e inquietante. Eu me recostei na parede, os olhos fechados, tentando organizar a confusão que fervilhava dentro de mim. Era um turbilhão de sentimentos que eu mal conseguia nomear — raiva, desejo, medo, dúvida. Tudo misturado, como se meu corpo e minha mente travassem uma batalha silenciosa.
E então veio a sensação mais estranha de todas: era como se eu já o conhecesse. Como se, em algum lugar escondido dentro de mim, uma parte esquecida reconhecesse algo nele — um pedaço perdido de um passado que eu não conseguia alcançar completamente, mas que pulsava urgente, querendo ser lembrado.
A imagem do flash daquela noite voltou com força, nítida e cruel. A