Capítulo 146

A noite caiu sem que o sol sequer ousasse tocar o horizonte. Um crepúsculo denso, cor de cinza antigo, se assentava sobre a vila como um véu molhado. As tochas foram acesas mais cedo, mas a luz tremulava de forma estranha — como se o fogo vacilasse diante de algo que apenas ele podia ver.

Ares caminhava em silêncio pelas trilhas internas da vila. O ar pesava, como se cada passo exigisse mais do corpo e da alma. Grendor estava em alerta constante dentro dele, os sentidos do lobo tão ativos que até mesmo as raízes pareciam se mover sob o chão.

Eles estão próximos, rosnou Grendor. Mas não nos observam com olhos. Nos sentem. Como se procurassem rachaduras.

— Clarice selou a nascente, isso deve conter por enquanto.

Por enquanto. Mas sangue chama sangue, Ares. E o dela… foi ofertado.

Ao redor, a vila fingia normalidade. As crianças haviam sido recolhidas para o núcleo protegido, onde Nara e duas canalizadoras mantinham as runas ativas. Os guerreiros treinavam em silêncio, sem gritos, sem pr
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