Capítulo 147

O santuário antigo ficava além da trilha das heras, escondido por um véu natural de raízes entrelaçadas e musgos sagrados. Ares caminhava ao lado de Clarice, em silêncio. A floresta parecia contê-lo — como se soubesse que ele não deveria cruzar aquele limiar.

Quando chegaram à clareira do santuário, ele parou.

— Daqui não passo. — disse, a voz baixa, mas firme.

Clarice assentiu. O santuário era um lugar de sangue feminino, guardado por séculos pelas descendentes da linhagem lunar. Nem mesmo Ares, seu par destinado, podia pisar lá sem que as águas reagissem.

— Fique ao alcance do chamado. — ela disse, sem virar o rosto.

— Sempre. — respondeu ele.

Clarice atravessou a cortina de raízes com passos decididos. Lyanna pulsava dentro dela com uma energia densa e antiga, como se a loba soubesse que estavam caminhando para o ventre do tempo.

A entrada do santuário revelou um lago pequeno, cercado por pedras negras e folhas de salgueiro. A água era imóvel — tão clara que refletia não o céu, mas
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