O santuário antigo ficava além da trilha das heras, escondido por um véu natural de raízes entrelaçadas e musgos sagrados. Ares caminhava ao lado de Clarice, em silêncio. A floresta parecia contê-lo — como se soubesse que ele não deveria cruzar aquele limiar.
Quando chegaram à clareira do santuário, ele parou.
— Daqui não passo. — disse, a voz baixa, mas firme.
Clarice assentiu. O santuário era um lugar de sangue feminino, guardado por séculos pelas descendentes da linhagem lunar. Nem mesmo Ares, seu par destinado, podia pisar lá sem que as águas reagissem.
— Fique ao alcance do chamado. — ela disse, sem virar o rosto.
— Sempre. — respondeu ele.
Clarice atravessou a cortina de raízes com passos decididos. Lyanna pulsava dentro dela com uma energia densa e antiga, como se a loba soubesse que estavam caminhando para o ventre do tempo.
A entrada do santuário revelou um lago pequeno, cercado por pedras negras e folhas de salgueiro. A água era imóvel — tão clara que refletia não o céu, mas