O dia amanheceu sem luz.
O céu estava encoberto por nuvens tão espessas que mal deixavam o calor atravessar. Ares, em silêncio, observava a vila do alto da torre central, os olhos atentos a cada movimento dos guardas no perímetro. Seu rosto estava tenso, os músculos da mandíbula travados, e Grendor permanecia em constante alerta.
Eles estão nos cercando, mesmo que não tenham corpo.
Eu sei. Mas Clarice os provocou. E agora, não há mais volta.
Do pátio principal, sons abafados de treinos tentavam manter uma rotina que já não fazia mais sentido. Havia algo errado no próprio ar, como se o tempo hesitasse em avançar.
No círculo rúnico ainda marcado pelas brasas prateadas da madrugada anterior, Clarice ajoelhou-se novamente. Estava sozinha por fora, mas dentro dela, Lyanna pulsava em uníssono com a terra.
— O que queres de mim agora? — sussurrou, com os olhos cerrados e a mão sobre o solo. — Já ergui o Véu. Já vi as sombras.
Ainda há mais. Você precisa descer mais fundo. A raiz ainda pulsa.