O corpo de Idran fora enterrado sem cerimônia.
Clarice pediu que o velassem apenas sob a luz da lua, em silêncio absoluto. Sem preces, sem cantos, sem palavras — o espírito dele já não estava ali. O que jazia diante deles era apenas a casca vazia de um lobo que perdera a guerra dentro de si.
O símbolo da Deusa cravado em seu peito ainda ardia em sua memória.
Ares permaneceu ao lado de Clarice durante toda a cerimônia. Ninguém ousou se aproximar. Nem mesmo os anciãos, agora mergulhados em uma sombra de medo que começava a se espalhar pela matilha como veneno silencioso.
Kaelen aproximou-se no fim da vigília, os olhos duros, a voz baixa.
— Encontramos marcas ao redor do corpo. Não foram feitas por mãos comuns.
Clarice olhou para ele, a expressão inabalável.
— Ele foi levado antes de morrer?
— Talvez. Ou foi mantido em transe por tempo suficiente para que o espírito o corrompesse completamente. Só sabemos de uma coisa com certeza…
— A entidade está ganhando força — completou ela.
Kaelen