O cheiro de desinfetante barato e suor impregnava o vestiário estreito. Paloma correu até a pia, as mãos trêmulas ainda sentindo a náusea subir pela garganta. A água fria espirrou no rosto, mas não levou a raiva embora. Não choraria. Não diante dele, nunca mais.
Pegou o armário de ferro, destrancou com a chave enferrujada e começou a enfiar suas coisas pessoais dentro da bolsa: um moletom cinza, um livro da Lynne Graham, alguns cacarecos para cabelo, o pequeno estojo com maquiagem. O coração batia como um tambor, não pelo esforço, mas pela humilhação.
As palavras do Sr. Silva ecoavam como bofetada:
“Já providenciei a demissão da Srta. Franco”
A pedido dele. Do homem que ela tinha amado, que havia sido o primeiro a fazê-la se sentir desejada… e agora interferia na sua vida. A acusava de coisas cruéis, igual no primeiro dia que se conheceram lá em Cabeceiras.
Ela fechou a bolsa com força, respirando fundo. Se chorasse agora, se deixasse a dor escapar, ele teria vencido.
Saiu do vestiári