Lá fora ainda era noite, embora não fossem nem dez da manhã. Vince teve a sensação de que poderia ser noite para sempre naquela câmara.
Artur olhava pela janela. Não se moveu quando Vince se aproximou e o abraçou delicadamente por trás.
— É como dormir — falou Artur, quase sem abrir os lábios. — É como dormir e não sonhar, só que… diferente.
— Voltei tão logo quanto pude.
— Não tem problema. Foi indolor.
Vince fechou os olhos e ouviu as ondas se quebrarem.
— Me desculpe.
Artur se virou e, com calma, levou um beijo até a bochecha de Vince.
— Temos trabalho a fazer, não temos? — E sorriu.
Ele parecia estranhamente tranquilo. Nada como o Artur que Vince havia abandonado na noite anterior, aterrorizado e solitário; parecia resignado.
Vince contemplou seus olhos pequenos e escuros, seu queixo pontudo. Havia algo comovente em Artur, algo que o induzia a querer avançar, a tomá-lo para si. Quem sabe pudesse sacu