MAYA
Uma semana. Sete dias que pareciam ter sido arrancados de um sonho alheio e transplantados na minha realidade. Há uma semana, eu entrava pela porta de serviço do "Le Ciel", com o coração batendo tão forte que temia que os outros pudessem ouvir. Agora, o ritmo frenético da cozinha, o som das facas afiadas batendo nas tábuas, o sibilo das panelas de pressão, os gritos coordenados dos chefs – tudo isso já começava a se tornar uma sinfonia familiar, a trilha sonora do meu novo e improvável mundo.
Trabalhar ali era estar um passo mais perto do meu sonho. Não apenas pela proximidade física com os ingredientes e as técnicas, mas porque o contrato incluía um benefício que eu nem ousara sonhar: um auxílio-educação. Se eu me saísse bem no período de experiência, poderia usar parte do vale para custear um curso técnico em gastronomia. Era um fio de possibilidade, mas era real.
Claro, havia desafios. As regras eram tão rígidas quanto as de um mosteiro. Uniforme impecável, cabelos presos e co