KAELEN
O ar dentro da sala de exames tinha o cheiro característico da limpeza aurélia – ozônio, álcool etílico puríssimo e um leve traço de metal. Não era o cheiro dos hospitais humanos, de desinfetante barato e desespero. Aqui, tudo era eficiência silenciosa e tecnologia quase silenciosa. Eu deveria estar na minha cama, dormindo as poucas horas que meu corpo exigia após voar de Tóquio, onde um colapso em uma das nossas matrizes energéticas exigira minha presença pessoal. A fadiga era um peso denso atrás dos meus olhos, mas o sinal do meu comunicador pessoal, um alerta em um tom específico que só eu e meus médicos-chefe conheciam, dissipara qualquer pensamento de descanso.
— Desvie para o Centro Médico Aurora — ordenei ao carro, sem hesitar.
Agora, observava a holotela flutuante que mostrava as imagens do ultrassom de quinta geração. O médico ao meu lado, Dr. Thalos, um aurélio cujo cabelo prateado denunciava seus quase 40 anos de experiência, apontava para as estruturas com um gesto