Maya
Circulava pelo salão como um autômato, a bandeja pesada de taças reluzentes equilibrada numa mão, o sorriso vazio colado no rosto. Oferecia bebidas, recolhia copos vazios, repetia mentalmente o mantra: sirva, sorria, desapareça. Até que um assobio agudo cortou o burburinho elegante, seguido de uma voz embriagada:
— Ei, serviçal! Vem cá!
O coração gelou. Um grupo de quatro rapazes ficava num canto mais afastado, perto das varandas. Todos bem vestidos, com ternos caros que não escondiam a arrogância nos olhos. Eram jovens da elite humana, do tipo que achava que o mundo existia para servi-los. Nem mesmo com a chegada de seres de outro planeta o ser humano não muda, parece que a chegada dos aurelianos no planeta aflorou ainda mais tudo que há de mais maligno nos seres humanos.
Hesitei, mas anos de treinamento me fizeram avançar. Aproximei-me com passos curtos, a bandeja tremendo levemente e minhas mãos começavam a acumlar suor.
— Tragam mais champanhe — ordenou um deles, de cabelo