Kaelen
O holograma girava lentamente no centro da sala, uma dupla hélice de luz azul que se desfazia em pontos vermelhos de falha genética. De novo. Sempre a mesma história. Eu analisava a sequência de um embrião aurélio que não tinha sobrevivido além da sexta semana de gestação quando a porta do laboratório deslizou suavemente.
— Senhor Aurelius — a voz de Althea ecoou no espaço silencioso. — Lembra do evento na casa do prefeito esta noite? Seus pais insistiram para que você comparecesse.
Fechei os olhos por um segundo. O último lugar onde eu queria estar era numa sala cheia de humanos ansiosos por aprovação e aurélios fingindo interesse na política trivial deles.
— Eles sabem que eu detesto esses eventos — retruquei, sem desviar os olhos do holograma fracassado.
— Eles sabem — respondeu Althea, parada na entrada. — Mas também sabem que a sua presença é… estratégica. Mostra união. Força.
União. Que ironia. Enquanto aqui, no fundo do meu laboratório, eu falhava em garantir a sobreviv