Luna é um verdadeiro desastre ambulante. Desde pequena, sua vida é marcada por tropeços, quedas e confusões que transformam até a tarefa mais simples em um espetáculo caótico. Quando aceita um emprego na luxuosa Villa Castillo, no coração de Marbella, ela sabe que está pisando em terreno instável – e literalmente escorregadio. Na casa dos Castillo, Luna se vê cercada de opulência e segredos, e logo cruza caminhos com Alejandro Castillo, o magnata espanhol cuja frieza é tão cortante quanto sua beleza é arrebatadora. O que ela não esperava era que, entre prateleiras caindo, xícaras derramadas e calcinhas perdidas em lugares improváveis, seu jeito atrapalhado fosse iluminar a vida de Alejandro, um homem preso às sombras de seu passado. Enquanto ele luta para manter suas defesas, Luna, com seu brilho despretensioso, ameaça derrubar todas as barreiras que Alejandro ergueu em torno de si. Será que ela, com seus desastres cômicos e coração gigante, pode curar as feridas de um homem acostumado a controlar tudo – menos as emoções que ela desperta? Entre risos, suspiros e colisões desastrosas, "A Empregada Desastrada" é uma história que combina paixão, humor e o poder de acreditar que até os mais improváveis encontros podem trazer luz para as vidas mais sombrias.
Leer másLuna Hernandez
Enquanto o trem para na estação de Ronda, sinto o peso da longa viagem começar a se dissipar. O ar quente da Andaluzia, carregado com o aroma das oliveiras e dos campos ao redor, me envolve assim que piso na plataforma. Estou um pouco desnorteada, mas aliviada por finalmente estar aqui, mesmo que não saiba exatamente o que esperar dos próximos meses.
Pego minha mala de rodinhas, uma velha companheira de viagem, e me dirijo para a pequena cafeteria no final da estação. Tomo um momento para apreciar o cenário ao meu redor: as colinas onduladas, a vegetação mediterrânea e o céu claro, sem uma única nuvem. É uma visão diferente da que estou acostumada em Sevilha, onde o ritmo frenético da cidade raramente me dá espaço para respirar.
Enquanto espero na fila para pegar um café, checo rapidamente meu telefone. Há uma mensagem de Marta, minha amiga de longa data e, mais recentemente, minha nova chefe:
Mensagem de Marta para Luna às 10:15 da manhã: "Bem-vinda à Marbella! Espero que a viagem tenha sido tranquila. Quando estiver pronta, venha direto para a Villa Castillo. Estou ansiosa para te ver."
Dou um sorriso tímido. O motivo para estar aqui, a quilômetros de casa, é um trabalho como empregada na casa da família Castillo, uma das mais influentes da região. Marta, que é responsável por administrar a casa de veraneio dos Castillo, conseguiu me indicar para o cargo quando soube que eu estava a procurar trabalho desesperadamente.
Sempre fui apaixonada por literatura, mas não consegui concluir minha licenciatura e lecionar. Quando Marta me ofereceu a oportunidade de trabalhar na Costa Brava, hesitei no início, mas a ideia de passar um tempo em um lugar novo, cercada pelo mar e pela natureza, parecia irresistível.
Agora que estou aqui, a realidade começa a se instalar. Eu, uma garota simples de Sevilha, passando o verão em uma luxuosa vila à beira-mar, trabalhando para uma família milionária.
Pego meu café e me sento em uma das mesas externas, aproveitando o calor do sol em meu rosto. Tomo um gole e respiro fundo, tentando acalmar os nervos antes de seguir para a vila.
A verdade é que estou ansiosa. Não sei como será trabalhar para uma família tão distinta. Perdida em pensamentos, quase não percebo quando um táxi para em frente à estação. O motorista, um homem idoso com um sorriso gentil, desce e abre o porta-malas para mim.
— Está indo para a Villa Castillo? — pergunta, como se soubesse exatamente quem eu sou.
Assinto com a cabeça, tentando não demonstrar minha hesitação. Coloco minha bagagem no carro e me acomodo no banco traseiro. Enquanto o táxi desliza pelas ruas tranquilas de Porto Cervo, tento me preparar mentalmente para o que está por vir.
A Villa Castillo é ainda mais impressionante do que eu havia imaginado. Situada em um penhasco com vista para o mar, a casa é uma mistura elegante de arquitetura tradicional italiana com toques modernos. O jardim, repleto de flores coloridas, se estende até a borda do penhasco, onde o azul do mar se funde com o céu.
Quando o táxi para, Marta já está à minha espera. Ela acena com entusiasmo e vem ao meu encontro, um sorriso caloroso no rosto.
— Luna! Que bom que você chegou. Como foi a viagem? — pergunta, enquanto me abraça com familiaridade.
— Foi tranquila. Estou encantada com o lugar — respondo, ainda meio deslumbrada pela beleza ao meu redor.
— O lugar é lindo mesmo. Agora vou te apresentar à casa e às suas responsabilidades — Marta continua, com um tom prático, mas acolhedor.
Enquanto Marta me guia pela Vila Castillo, sou tomada por uma mistura de admiração e apreensão. A casa é imensa, com corredores amplos e decorados com móveis de luxo, que contrastam fortemente com a simplicidade do lugar de onde venho. As paredes são adornadas com pinturas que parecem relíquias de outra era, e cada peça de mobília parece ter sido escolhida a dedo para compor uma atmosfera de elegância e poder.
— Aqui é a sala de estar principal — diz Marta, gesticulando para um espaço que parece saído de uma revista de decoração. — A família costuma passar as noites aqui quando estão na casa. E é claro que o jardim é um dos lugares favoritos deles, especialmente nas tardes de verão.
Ela me leva por um conjunto de portas de vidro que dão acesso ao jardim. A vista é deslumbrante. O mar se estende até onde os olhos alcançam, e o som das ondas batendo nas rochas lá embaixo é quase hipnotizante. O jardim em si é um espetáculo à parte, com flores de todas as cores e formas que contrastam com o verde vibrante da grama e das árvores ao redor.
— É lindo demais, Marta — digo, sentindo-me um pouco intimidada por tudo isso. — Nem parece real.
Marta sorri, como se entendesse exatamente o que estou sentindo.
— Eu sei que pode parecer um pouco demais no começo, mas você vai se acostumar. A Vila pode ser grandiosa, mas a rotina aqui é bem simples. E não se preocupe, estarei por perto para te ajudar com qualquer coisa.
Enquanto caminhamos de volta para dentro, Marta continua explicando as minhas tarefas diárias. Elas incluem cuidar da limpeza das áreas comuns, manter os quartos arrumados, ajudar na cozinha quando necessário, e atender a família com o que precisarem. É um trabalho que exige muita atenção aos detalhes, algo que, de certa forma, me conforta. Adoro a ideia de colocar as coisas em ordem, de criar harmonia a partir do caos, mesmo que seja apenas dobrando lençóis ou polindo móveis.
— E, claro —entramos num grande e largo corredor —uma das suas responsabilidades principais será garantir que tudo esteja impecável quando os Castillo tiverem convidados. Eles costumam dar festas e receber muitas visitas, especialmente durante o verão.
Marta me mostra os quartos. Eles são tão luxuosos quanto o resto da casa, com camas imensas cobertas por lençóis de seda e janelas que oferecem vistas panorâmicas do mar. Ela me leva até o meu próprio quarto, uma pequena, mas aconchegante suíte, decorada de forma simples, mas confortável.
— Este será o seu espaço — diz ela, abrindo a porta e deixando-me entrar primeiro. — Sei que pode ser um pouco intimidante no começo, mas você vai se sair muito bem, Luna. E, se precisar de algo, sabe onde me encontrar.
Alejandro ainda está com o sorriso estampado no rosto, mas há algo mais em seus olhos agora – uma faísca que faz meu coração acelerar. Ele limpa o restante do glacê da bochecha com a mão e, de repente, a energia na cozinha muda.— Luna... — Ele começa, a voz mais grave, enquanto dá um passo à frente.— O quê? — pergunto, tentando soar desafiadora, mas minha voz sai mais baixa do que eu queria.— Você acabou de começar uma guerra. — Ele pisca para mim, mas sua expressão deixa claro que ele já planejou como vencer.—Alejandro... — digo, recuando um passo, mas ele é mais rápido.Com um movimento ágil, Alejandro me pega pela cintura e me levanta como se eu não pesasse nada. Eu solto um gritinho, rindo, enquanto ele me carrega para fora da cozinha, ignorando completamente os protestos abafados de Marta que resmungava algo sobre “não acreditar no que está vendo”.— Alejandro! As crianças estão no jardim! — exclamo, tentando soar séria, mas o riso não me deixa.— Exatamente por isso que esta
Alejandro observa o bolo mais uma vez e sorri de canto, como se planejasse algo. Ele passa a mão pelo cabelo, ajeitando os fios bagunçados pelo vento do helicóptero, e me lança aquele olhar que sempre faz meu coração disparar.— Então, Luna... — começa ele, aproximando-se da mesa com uma lentidão calculada. — Acha mesmo que vou comer esse bolo agora?— Não acha que está bonito o suficiente? — provoco, cruzando os braços e tentando esconder o sorriso.Ele dá uma risada baixa, quase rouca, e balança a cabeça.— Não é isso. Eu só pensei... — Ele dá um passo à frente, seu olhar se tornando um misto de malícia e carinho. — Que talvez possamos escapar por uns minutinhos.— Alejandro! — exclamo, fingindo um tom de reprovação enquanto Marta, que acabara de voltar para checar o pão no forno, solta uma gargalhada.— Eu não ouvi isso — diz ela, tapando os ouvidos teatralmente, mas ainda rindo. — Aproveitem, eu fico de olho nas crianças.Ele não espera outra palavra. Alejandro se aproxima e me ab
O som do batedor elétrico ecoa pela cozinha enquanto misturo a massa do bolo. Chocolate, cacau e o aroma doce da baunilha tomam conta do ambiente. O relógio na parede marca 16h, e o sol da tarde banha a casa com uma luz dourada. Marta está ao meu lado, ocupada preparando um pão que decidiu fazer "só para garantir que ninguém passe fome".— Esse glacê está com uma cara boa, Luna. Aposto que o Alejandro vai adorar — comenta ela, dando uma piscadela.— Só espero que as crianças não comam tudo antes do bolo ficar pronto — respondo, rindo.Os gritos vindos da sala interrompem nossa conversa.— Não me pega! — grita Julia, correndo pela sala com a capa de super-herói de Nicolas amarrada no pescoço.— Vou pegar você, sim! — responde Nicolas, sua voz cheia de determinação.Marta ri enquanto sacode a cabeça, parando de sovar a massa por um momento.— Esses dois não param nunca. Aposto que a casa vai desabar antes do bolo ficar pronto.— Estou quase certa disso... — concordo, mas um baque alto s
A manhã transcorre com uma leveza única, e a tarde logo se torna um borrão de brincadeiras, momentos em família e risadas que ecoam por cada canto da nossa casa. Conforme o dia se esvai, o calor suave do entardecer envolve o castelo, tingindo as paredes de um laranja dourado. As crianças, finalmente exaustas de tanto correr e brincar, dormem tranquilamente em seus quartos, enquanto o silêncio reconfortante toma conta do lugar.Após colocá-los para dormir, Alejandro me encontra no corredor, onde a luz da lua já começa a invadir pelas janelas. Ele está apoiado na porta, me observando em silêncio, com aquele olhar que sempre me faz sentir como se fosse a única mulher no mundo. Seus olhos brilham com uma intensidade que nunca se apagou desde que nos conhecemos. Mesmo após anos, ele ainda me olha como se cada momento ao meu lado fosse uma descoberta.— Eles finalmente dormiram — comento, com um sorriso de satisfação ao lembrar das travessuras dos gêmeos. — Acho que podemos aproveitar um po
Enquanto conversamos, uma sombra de preocupação cruza meu pensamento. Alejandro e eu temos nos preocupado em não mimá-los demais, mesmo sabendo que nossa vida confortável pode criar um senso de privilégio que os distancie da realidade. Queremos que eles aprendam a lidar com as pressões do mundo exterior, que a riqueza não é sinônimo de facilidade. Contudo, aqui e agora, essa preocupação se dissolve na alegria do momento, envolvendo-nos em uma atmosfera leve e cheia de amor.O mordomo aparece silenciosamente, servindo Alejandro e meus pais com delicadeza. Ele é um homem de meia-idade, com um ar impecável e sempre vestido de maneira formal, a exemplo de um verdadeiro gentleman. Seu nome é Roberto, e sua presença constante em nossa casa é como uma sombra familiar. Ele conhece cada canto e cada rotina, sempre pronto para atender às nossas necessidades. Fora os empregados, estamos cercados de um monte deles. Todos educados, discretos e introspectivos.Agora entendo por que deixei Alejandro
LunaO sol da manhã invade o janelão suavemente, derramando uma luz dourada pelos cantos do amplo salão do castelo. O aroma de café fresco flutua pelo ar, misturando-se com o cheiro das frutas frescas e dos pães quentinhos que preparávamos. O som de risadas infantis ecoa pelos corredores, e um sorriso se forma em meu rosto ao observar meus dois pequenos correndo pela sala, cheios de energia. Eles são gêmeos, mas tão diferentes um do outro.Nicolas, com seus cabelos escuros e rebeldes, herança clara de Alejandro, é uma explosão de vitalidade, sempre explorando e desafiando o mundo ao seu redor. Sua alegria é contagiante, mas também exige paciência — uma qualidade que estou aprendendo a cultivar mais a cada dia. Ao lado dele está Marina, uma pequena cópia minha, com os cabelos castanhos claros e os olhos grandes e curiosos. Diferente do irmão, ela é tranquila e observadora, como se quisesse absorver o mundo antes de se aventurar por ele. Adora desenhar, frequentemente imitando os gestos
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