CAPÍTULO 38 – JOGOS SILENCIOSOS
ANA
Aprendi cedo a reconhecer perigo.
Nem sempre ele grita.
Às vezes, ele sorri.
Dafne me encontrou na sala de leitura naquela tarde. Eu estava organizando alguns livros de Theo, tentando manter a mente ocupada, quando senti a presença dela antes mesmo de ouvi-la.
— Você gosta daqui — disse, como uma constatação.
— Gosto do Theo — respondi, sem virar.
Ela se aproximou.
— As pessoas sempre começam gostando de uma coisa… e acabam confundindo com outra.
Fechei o livro devagar.
— O que você quer dizer?
Ela sentou-se no sofá, elegante demais para aquele ambiente familiar.
— Quero dizer que essa casa cria ilusões — falou. — Segurança. Pertencimento. Importância.
— Não estou aqui por isso.
Ela sorriu.
— Todos estão.
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DAFNE
Ela era mais firme do que eu esperava.
Isso tornava tudo mais interessante.
— William não percebe quando alguém se aproxima demais — continuei. — Ele se acostuma. Confia. E quando vê… já é tarde.
Ana me encarou.
— Está falando de você?
O