CAPÍTULO 32 – LINHAS INVISÍVEIS
ANA
Eu comecei a perceber que a casa tinha regras não ditas.
E que, pouco a pouco, eu estava sendo empurrada para dentro delas.
Nada explícito.
Nada agressivo.
Nada que eu pudesse apontar e dizer: isso está errado.
Mas estava.
Naquela manhã, enquanto ajudava Theo a montar um quebra-cabeça no tapete da sala, Dafne sentou-se conosco.
— Você é muito paciente — comentou, observando minhas mãos. — Nem todo mundo consegue lidar com crianças dessa forma.
— Theo é fácil de amar — respondi, sem pensar.
Ela sorriu.
— William também acha isso.
Meu corpo reagiu antes da mente.
— Ele comentou?
— Algumas vezes — respondeu com naturalidade. — Ele confia muito em você.
A palavra confia soou pesada demais.
— Confiança cria vínculos — continuou. — E vínculos… às vezes confundem.
Theo encaixou uma peça com força demais.
— Eu gosto da Ana — disse.
Dafne riu.
— Todos gostam.
Mas havia algo no tom dela que não era elogio.
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WILLIAM
O dia foi impro