CAPÍTULO 33 – O PRIMEIRO NÃO
(Ana, William e Dafne)
ANA
O limite não veio em forma de discurso.
Veio em algo pequeno.
Quase banal.
Naquela manhã, enquanto ajudava Theo a escolher um livro para ler antes do café, ouvi William atrás de mim.
— Depois do café, quero que você fique disponível — disse ele. — Talvez eu precise sair.
Não era um pedido.
Respirei fundo antes de responder.
— Hoje não posso.
O silêncio foi imediato.
— Como assim? — ele perguntou.
Virei devagar.
— Combinei de levar o Theo à biblioteca infantil da cidade — expliquei. — É algo que planejamos desde ontem.
Theo levantou o olhar, atento.
— Você não me avisou — William disse.
— Avisei — respondi. — Ontem à noite.
Ele franziu a testa.
— Não lembro.
— Mas eu lembro — falei, com calma.
Foi a primeira vez que não recuei.
---
WILLIAM
Aquilo me irritou.
Não o plano.
Mas o tom.
Ana não havia pedido autorização.
Ela havia informado.
— Podemos remarcar — disse. — Não é prioridade.
Theo imediatamente