O nascer do sol tingia o céu com tons alaranjados, refletindo nas janelas espelhadas do edifício Montenegro como uma pintura viva. Júlia permanecia ao lado de Caio, sentindo o vento leve da manhã tocar seu rosto. Nenhum dos dois dizia nada há alguns minutos, mas a presença silenciosa parecia mais significativa do que qualquer palavra.
Era a primeira vez que ela o via assim: despido das armaduras, sem o sarcasmo, sem o escudo da arrogância. Apenas um homem cansado, talvez até ferido, tentando entender o que fazer com tudo aquilo que ressurgia do passado.
— Você acha… — Júlia quebrou o silêncio, sem olhar diretamente para ele — …que alguém armou para meu pai?
Caio não respondeu de imediato. Levou a xícara de café aos lábios, ainda olhando o horizonte.
— Não acho. Tenho certeza.
Ela se virou, surpresa.
— Você sabia?
Ele assentiu lentamente.
— Suspeitei na época. Mas não tinha provas. Quando voltei e encontrei os arquivos da antiga Ferrer nos registros da Montenegro, percebi que havia alg