Melanie Pov
O escritório do meu pai está carregado de tensão. A reunião está progredindo aos poucos e, mesmo assim, é difícil de dialogar sem demonstrar meu nojo em relação à Bea.
“Narumi, você tem provas sobre essas acusações em relação à minha filha mais nova?” Tyler questiona frio. Sua voz, sempre firme, agora traz uma rigidez que denuncia sua própria angústia. Mesmo que ele tente esconder, eu o conheço bem demais para não perceber.
Narumi engole em seco. O som é baixo, mas audível para mim. Seus olhos recaem para mim, pedindo direção, buscando força. Ela está nervosa, e sua postura diz tudo &mdash
Melanie PovO salão principal está ficando cada vez mais cheio. O ar está carregado de tensão, como se a atmosfera inteira soubesse que hoje será um divisor de águas. Os membros da alcateia se acomodam lentamente, mas é impossível não perceber os olhares inquietos, os cochichos abafados, o burburinho contido que tenta desesperadamente não explodir em um caos de julgamentos precipitados. Muitos membros da alcateia apareceram para testemunhar o julgamento da Bea.Meu coração está acelerado. Não, não apenas acelerado… ele está correndo, galopando desgovernado dentro do meu peito, como se tentasse me alertar de que algo pode dar errado, mesmo agora, mesmo com as provas. Tento me manter firme, mas a ansiedade me domina por comple
Melanie Pov“Expulsão!” Um membro da alcateia grita com uma fúria que vibra pelo salão como um trovão. Logo em seguida, uma onda de vozes o acompanha, um coro de julgamento que se levanta como uma maré de condenação, impiedosa e barulhenta.Bea encolhe ainda mais, quase se dobrando sobre si mesma como se quisesse desaparecer, como se estivesse envergonhada, assustada, encurralada. Sua postura já era acanhada antes, mas agora ela parece uma sombra de si mesma, um espectro de derrota.E ver isso… ver a queda de alguém que já tentou destruir tudo que amo… isso me causa um prazer sórdido, um arrepio doce que percorre minha espinha. Um sentimento que não me orgulho de sentir, mas que, ainda assim, s
Melanie Pov Narumi e eu ficamos horas vendo as filmagens de Karl e Bea. Por sorte — ou talvez destino — o pai de Narumi, o antigo alfa Phill, havia instalado câmeras com áudio em locais estratégicos, algo que agora se prova mais valioso do que qualquer tesouro.A maioria das gravações não possui nada de interessante. Pelo menos, nada que nos ajude. Somente imagens cruas, desconfortáveis, de Bea e Karl se entregando um ao outro de forma animalesca, crua e sem pudor. As cenas são íntimas demais, vulgares, e causam uma mistura de nojo e desconforto que nos faz apertar o botão de avanço com mais força do que o necessário. Cada vez que os corpos deles se enroscam, algo dentro de mim se contorce. Não por ciúmes, mas por repulsa, por saber do que aqueles dois são capazes quando não estão entre lençóis. Sempre pulamos essas partes.As conversas que se seguem, na maioria das vezes, são inúteis. Risos, carícias, planos de encontros… mas tudo superficial. Até que, como se o universo nos desse um
Melanie Pov “Papai, o que o senhor sabe sobre maldições?” questiono para Tyler enquanto tomamos café da manhã juntos.Minha mãe e meu pai estão os últimos dias quietos por causa da prisão de Bea. Tento ter empatia por suas emoções, só que não consigo sentir a tristeza que eles querem que eu sinta. As provas contra ela são claras. Mesmo depois que mostrei a gravação dela com Karl, admitindo a vingança e o envenenamento, meus pais ainda se sentem tristes com a ida de Bea.Papai franze o cenho para mim, pensativo com o que perguntei.“Hum… quase nada, Melanie,” ele responde sério e frio, distante até.Será que ele está bravo comigo pelo o que aconteceu com Bea? Não seria justo isso. Ela que é a psicopata que tentou matá-los!“Fique calma, eles estão processando tudo o que aconteceu. Eles perderam uma filha, de certa maneira.” Faith aconselha em minha mente, sua voz me trazendo um pouco mais de conforto.Respiro fundo para me acalmar.“Isso é mais coisa de feiticeiros, minha lobinha,” ma
Melanie Pov “Bem, ainda estamos perto do horário do almoço do que do jantar,” comento pensativa, olhando para o relógio de pulso, mas sem realmente prestar atenção nas horas.Ryan apenas sorri para mim, com aquele sorriso calmo e sereno que parece esconder um universo de intenções não ditas. Ele confirma com a cabeça, como se minha observação tivesse sido esperada.“É, mas acho que você precisa de um divertimento agora,” ele responde com uma leveza que contrasta completamente com o peso que sinto nos ombros. E então ele se levanta com uma agilidade elegante, sem perder a postura nem por um segundo.Ele caminha em minha direção e, para minha total surpresa, estende a mão para mim. É um gesto simples, mas que carrega uma aura antiga, quase romântica. Um gesto que não espero. Um gesto que me desmonta por dentro. Fico parada por alguns segundos, apenas observando sua mão aberta, como se estivesse pesando os riscos de aceitá-la. Quando finalmente toco seus dedos, um choque elétrico suave p
Melanie Pov“Que tal irmos jantar?” Ryan sugere antes de passar seus braços em torno da minha cintura por trás.Apoio minha cabeça em seu ombro e meus lábios ficam próximos do seu pescoço. Sem conseguir controlar a tentação, eu beijo seu pescoço e isso causa uma reação deliciosa em Ryan, que me aperta ainda mais pela cintura e eu sinto um volume avantajado roçar contra a minha bunda.“Já está na hora do jantar?” pergunto de forma inocente, fingindo não sentir a ereção de Ryan.Ele só responde com um rosnado confirmando a minha pergunta.O rei alfa gira o meu corpo, me fazendo ficar de frente para ele. Seu olhar está carregado de desejo e sinto que isso reflete em mim também. Suas mãos continuam em minha cintura, acariciando agora a minha pele por debaixo da camisa, isso em causa um arrepio excitante.“Estamos então oficialmente em nosso primeiro encontro,” declaro com entusiasmo. Ryan abre um sorriso e sua mão vem em direção ao meu rosto, acariciando minha bochecha.“Para mim, já esta
Bea Pov “Esse programa é uma merda, Bea.” Oliver diz com uma voz desdenhosa, a entonação carregada de arrogância. O desprezo em sua fala me irrita de forma quase instantânea. “Mude o canal.”Estou sentada no sofá, de frente para a televisão. O reality show que está passando é raso, vazio, um desfile de vaidades e discussões banais, mas é justamente isso que eu quero. Algo fútil, algo idiota, algo que me afaste da podridão da minha própria realidade por alguns minutos. Algo que me deixe entorpecida o suficiente para esquecer que estou presa nessa casa com esse lixo de pessoa. Olho de relance para o controle remoto, que repousa preguiçosamente a poucos centímetros da minha mão, quase como se estivesse me provocando, pedindo para ser usado.Mas eu cruzo os braços.“Não, eu estou assistindo,” respondo irritada.Oliver me lança um olhar carregado de raiva, um daqueles que ele acha que ainda tem algum poder, algum peso. Na verdade, só me provoca ainda mais, alimenta o fogo que eu guardo de
Melanie Pov Duas semanas já se passaram e não conseguimos encontrar Bea em nenhum lugar.A relação com meus pais tem só piorado, é como se eles nem estivessem querendo de fato encontrá-la.“Talvez porque eles não querem mandá-la de volta para a prisão,” Faith sugere em minha mente.“Eu não ligo! Ela merece ir para a cadeia,” rebato frustrada. “Na verdade, ela merece morrer!”“Nisso, eu concordo com você,” Faith rebate. “Você devia ter me deixado matá-la quando tivermos a chance.”Não consigo discordar do seu argumento e já sinto o arrependimento subir pela boca do meu estômago.“Ficar remoendo o passado não vai nos levar até Bea,” respondo decidida.Uma batida na porta puxa minha atenção para longe da conversa com a minha loba. Logo em seguida, a porta se abre e Amelie aparece do outro lado.“Você tem uma adorável visita,” Amelie anuncia com uma voz dócil e um sorriso amável nos lábios. “Narumi.”Eu automaticamente também abro um sorriso.“Pode deixá-la entrar!” declaro animada.Naru