Florence xingava Lucian mentalmente, chamando-o de sem vergonha, mas ao ver o sangue em sua mão, ela ficou ligeiramente atordoada. No entanto, antes que pudesse reagir, em questão de segundos, o homem à sua frente usou o momento de distração para se inclinar contra ela, fazendo com que ela, por reflexo, o segurasse. O cheiro forte de álcool invadiu suas narinas. — Você está louco? Está machucado e ainda bebeu? — Um pouco. Não me senti bem e tomei algo. — Respondeu Lucian, com a voz baixa e rouca, enquanto apoiava o queixo na testa de Florence. Seu tom carregava um cansaço profundo. Florence sentiu o calor intenso vindo da testa dele. Por um instante, hesitou. Mas, antes que a compaixão pudesse prevalecer, sua racionalidade venceu. Ela colocou a mão contra o peito dele para afastá-lo. — Você está bêbado. Vou ligar para o Cláudio vir te buscar. — Ele foi embora. — Respondeu Lucian, sem alterar o tom. — Então vou ligar para a Daphne. Ela com certeza vai cuidar bem de você. —
Isso fez Lucian lembrar do beijo de antes, e seu olhar se tornou ainda mais profundo. Florence sentiu um arrepio na nuca sob seu olhar, e, instintivamente, levantou os olhos para ele.Lucian deixou que seu olhar vagasse pelo rosto de Florence, até parar em seus lábios avermelhados. Ele podia jurar que ainda sentia o calor daquele beijo de pouco antes, o que o fez engolir seco, de forma quase involuntária. — Essa sua boca só fica quieta em uma situação. A respiração dele era quente, e Florence entendeu imediatamente o que ele queria dizer. Não tinha como evitar os pensamentos que surgiram em sua mente, mas, de repente, algo clicou em sua cabeça. A indignação tomou o lugar do embaraço, e ela o encarou com raiva. — Você me enganou! Você nem está bêbado. Não tem cheiro de álcool nenhum na sua boca! Lucian arqueou levemente uma sobrancelha, com um sorriso de canto. — Finalmente percebeu. Mas… Tarde demais. Ele abaixou os olhos para os próprios pés, e Florence só então percebeu q
Sob a orientação de Lucian, Florence parecia completamente desnorteada. Ela engoliu em seco várias vezes, tentando disfarçar sua evidente tensão. Lucian curvou os lábios em um sorriso de canto, lançando-lhe um olhar de desdém: — Ainda precisa que eu ensine? Ao ouvir sua voz, Florence finalmente saiu de seu transe. Tentando parecer calma, ela respondeu: — Não, tio. Você é o paciente aqui, e eu devo respeitar os mais velhos. — Não pedi explicações. — Ele estreitou os olhos, sem esconder o tom de reprovação. Florence mordeu os lábios e, sem perder mais tempo, começou a desabotoar a camisa dele. Por baixo da peça formal e séria escondia-se um corpo que estava longe de ser casto. Os músculos eram firmes e bem definidos, o abdômen marcado, mas sem exageros. A cintura era estreita e as pernas longas. O cinto, justo na linha da cintura, deixava entrever o começo de uma linha V que não precisava de mais para provocar pensamentos proibidos. Florence respirou fundo e desviou o olha
Florence sentia a mente completamente confusa ao pensar na sua vida passada. Primeiro, havia a mudança de Ronaldo. Depois, o silêncio de Lucian sobre os castigos que sofria. O que era verdade? O que era mentira? Ela encarou as cicatrizes que cruzavam as costas de Lucian e, mordendo os lábios, decidiu perguntar com cuidado: — Tio... Theo te pune assim com frequência? — Não sou burro. — Respondeu Lucian, com indiferença. — Então, em que situações você acaba sendo chicoteado dessa forma? — Quando alguém não usa a cabeça. Lucian era inteligente demais, sempre soube como proteger a si mesmo. Então, por que ele se machucava tanto por causa dela? Enquanto Florence tentava entender, Lucian virou o rosto na direção dela. — Florence. — Hm? — Já terminou de me tocar? Ao ouvir isso, Florence despertou de seus pensamentos e percebeu que sua mão ainda estava acariciando as costas dele. Ela recuou rapidamente, sentindo o rosto queimar de vergonha, e abaixou a cabeça, procurand
Florence ficou paralisada por um momento, mas a razão rapidamente a trouxe de volta à realidade. Ela e Lucian jamais poderiam ficar juntos. Agora, não havia filhos, nem casamento forçado, nem qualquer conexão que os unisse. Só havia ódio. O mais importante é que Daphne não havia fugido grávida desta vez. Um arrepio percorreu o corpo de Florence, como se tivesse sido arrancada de um verão escaldante e jogada em um inverno congelante. Cada poro de sua pele parecia tremer. Ela apertou os lábios e disse: — Tio, essas palavras são melhores para dizer à sua mulher. Vou terminar de cuidar do seu ferimento, mas você deveria arranjar um tempo para vê-la. Ele deveria ir se despedir de Leopold, o filho que havia tido em sua vida anterior. Talvez Florence tivesse se tornado fria. Quando soube que Daphne planejava abortar o filho, além de um leve susto, ela não sentiu absolutamente nada. Nem sequer pensou em avisar Lucian, porque, se ele impedisse, seria inútil. Leopold era uma cria
Os colegas de trabalho, ao ouvir Florence mencionar a doença de Daphne, ficaram igualmente curiosos. — É verdade, Daphne, que doença você teve? Porque, se for algo contagioso, não teria se recuperado tão rápido assim. — Você está tão radiante que nem parece que esteve doente. — Comentou outro colega, observando-a com atenção. O olhar de Daphne hesitou por um breve instante, mas logo foi substituído por um sorriso confiante e despreocupado. — Não foi nada sério, só um resfriado. Mas o Lucian exagerou, sabe como ele é... Ficou preocupado comigo, achando que fosse algo pior, então ficou ao meu lado o tempo todo. — Ele ficou ao seu lado o tempo todo? — Florence perguntou, com uma expressão de dúvida, enquanto olhava fixamente para Daphne. Daphne, percebendo a deixa, caminhou até Florence com passos firmes. Seus dedos deslizaram propositalmente pelo colar extravagante que usava, como se quisesse chamar ainda mais atenção para ele. — Claro que ficou. Ele é assim, não suporta me
Meia hora depois, a funcionária da cafeteria bateu na porta e entrou carregando várias sacolas com os pedidos. Por educação, um dos colegas pegou a primeira xícara e a entregou a Daphne. — Daphne, experimente primeiro. Esse café dessa cafeteria é muito bom. Daphne olhou para o copo de café gelado pela metade com gelo. Sua respiração ficou irregular por alguns segundos. Pelo canto do olho, ela viu Florence já segurando sua xícara e tomando um gole com aparente satisfação. — Uau, realmente delicioso. — Comentou Florence, aproveitando o momento. Daphne não teve escolha a não ser dar um pequeno gole no café. Ela manteve o líquido gelado na boca por alguns segundos antes de engolir. — É, está bom mesmo. Uma colega, que nunca simpatizou com o jeito artificial de Daphne, lançou um comentário com um tom irônico: — Daphne, você só vai dar um golinho tão pequeno assim? Não gostou do café que escolhemos? A imagem pública de Daphne era a de uma mulher elegante, generosa e acessív
Florence suspeitava que o filho de Daphne talvez não fosse de Lucian. Por isso, ela começou a fazer perguntas para Lyra sobre os homens que poderiam estar envolvidos com Daphne. No entanto, até aquele momento, não havia conseguido nenhuma pista concreta. Ainda assim, ao observar o comportamento nervoso de Daphne, Florence sentia que sua teoria estava cada vez mais próxima da verdade. Nos quatro dias seguintes, Daphne, mesmo maquiada com perfeição, desaparecia repentinamente por alguns momentos. Florence sempre a encontrava escondida no depósito, gemendo baixinho de dor. Parecia que, conforme o médico havia mencionado, o aborto com medicamentos não tinha funcionado. Forçando-se a aguentar mais dois dias, Daphne finalmente ficou tão pálida que nem o blush conseguia disfarçar. Foi só então que ela inventou uma desculpa para sair e finalmente ir ao hospital. Florence, com o pretexto de entregar algo, aproveitou para segui-la discretamente. Daphne foi até o consultório do médico q