Embora o calor por dentro do corpo de Florence a queimasse, suas costas se retesaram instintivamente. Ela ergueu o olhar e encontrou diretamente os olhos dele. Na penumbra, parecia que ela encarava um abismo profundo, impossível de alcançar o fundo.Lucian apoiava o rosto na mão com uma expressão de interesse. Seus olhos a observavam atentamente, enquanto um sorriso quase imperceptível dançava no canto de seus lábios.Florence sentiu um nó na garganta ao lembrar-se de episódios passados, memórias que a faziam sentir-se humilhada. Ela desviou o rosto, sem conseguir sustentar o olhar dele.Ela mordeu o lábio inferior com força, tanto que o gosto metálico do sangue começou a se espalhar. Mesmo assim, a dor não era suficiente para afastar a sensação de tormento que fervia dentro dela. Florence continuou pressionando os dentes contra os lábios, tentando resistir.De repente, uma dor aguda em seu maxilar a fez soltar o lábio. Seus lábios entreabriram-se involuntariamente, e o sangue escorreu
Quase no mesmo instante em que Florence colocou os pés no chão, a porta foi abruptamente aberta. Uma multidão entrou no quarto: Daphne e Rosana lideravam o grupo, seguidas por Isadora, o mordomo e até alguns homens que pareciam ser funcionários do local. Daphne foi a primeira a avançar, seus olhos varrendo cada canto do quarto, como se procurasse algo específico. Florence, visivelmente irritada, lançou seu olhar diretamente para o mordomo: — O que vocês estão fazendo? É assim que vocês tratam os hóspedes? E se eu não estivesse vestida? O mordomo hesitou, pego de surpresa pelo tom firme de Florence. Ele olhou automaticamente para Daphne, que era a noiva de Lucian. Ela havia insistido para que a porta fosse aberta, e ele não ousaria contrariá-la. Ele rapidamente tentou desviar a culpa: — Florence, sinto muito. Daphne disse que você não respondia, e ela ficou preocupada. Achou que algo pudesse ter acontecido, então pediu que eu abrisse a porta. Florence deu uma rápida olha
Quando Lavínia mencionou a ideia de revistar os quartos, ela lançou um olhar direto para Daphne. — Daphne, sem problemas para você, certo? Daphne tentou esconder o desconforto que passou rapidamente por seu rosto. — Sra. Lavínia, já que o mal-entendido foi resolvido, acho que podemos encerrar por aqui. Caso contrário, seria um desperdício do seu tempo e do tempo do Lucian. Lavínia cobriu os lábios com um sorriso leve e irônico: — Que consideração da sua parte. Mas como isso poderia ser um desperdício de tempo? — Ela então virou-se para os homens que estavam ali. — O que vocês estão esperando? Vão dar uma olhada no quarto da Daphne. — Sim, senhora. — O mordomo fez um gesto para os outros, que estavam prestes a sair, quando Daphne deu um passo rápido e bloqueou o caminho. — Sra. Lavínia, esse quarto é meu e do Lucian. Não seria… Apropriado. — Ela tentou argumentar, mantendo um tom educado. — Daphne, isso não seria justo, não acha? Florence é uma mulher solteira, estava do
Daphne tentou recuperar a compostura, inclinando-se levemente para Florence e sussurrando com insistência: — Eu e Lucian ontem fomos tão... Harmoniosos. Ele nem esperou chegar na cama para me querer. O som do celular? Apenas um toque de diversão. Você, que precisa drogar homens para levá-los para a cama, nunca entenderia. Florence respondeu com um sorriso frio: — Então, se tiver tempo, prepare mais sopas fortificantes para Lucian. Ontem ele terminou rápido demais. — Sua... — Daphne tentou retrucar, mas foi cortada pelo olhar indiferente de Florence, que se virou e puxou sua mão, entrando no quarto sem dizer mais nada. "Bem que dizem: quem tenta dar o bote e erra, paga o preço", pensou Florence. Daphne tentou desmascará-la, mas acabou se expondo. Apesar disso, uma dúvida persistia na mente de Florence: como Lavínia sabia sobre os vídeos pornográficos no celular de Daphne? …No corredor, Lavínia caminhava com passos elegantes, um sorriso no canto dos lábios. — Lucian, o q
Theo chamou o mordomo, apontando para a lixeira com uma expressão de desagrado. — Leve esse lixo para bem longe. Não suporto ver isso. — Sim, senhor. — O mordomo, sob o olhar impassível de Lucian, pegou os papéis amassados da lixeira, rasgou-os em pedaços menores e os pressionou dentro de um saco de lixo preto antes de sair do escritório. Theo pegou sua xícara de café e soprou levemente antes de acrescentar, com um tom grave: — Essa parceria é importante. Não quero problemas. Daphne é sua noiva, e a imagem dela reflete diretamente na sua. Não deixe que usem isso contra você. — Entendido. — Lucian respondeu com frieza, levantando-se e saindo sem olhar para trás. …Florence, ao voltar para casa, dormiu a tarde inteira. Após o jantar, começou a trabalhar em seus esboços de design. Enquanto ela desenhava, Lyra entrou no quarto com uma bandeja de frutas. Ela pegou um garfo e o levou aos lábios da filha, ao mesmo tempo em que exibia orgulhosamente o grande anel de rubi em seu d
— O que a Daphne tem de tão especial? Você e o Lucian claramente… — Mãe! Não diga essas coisas! Eu tenho muito trabalho para fazer. Vai descansar, por favor. — Florence lançou um olhar de advertência para Lyra. Lyra mordeu o lábio, soltou um suspiro pesado e saiu do quarto, visivelmente contrariada. Florence abaixou a cabeça e voltou a se concentrar em seu desenho, mas sua mente parecia completamente em branco. Após um tempo, ela desistiu e foi até a janela, onde ficou olhando fixamente para o céu. …Três dias depois, Florence finalmente conseguiu criar um design de joia que a deixou satisfeita. Naquele dia, Lavínia iria ao estúdio para aprovar o projeto. Seria o primeiro cliente oficial de Florence, e ela estava dividida entre a animação e o nervosismo. Assim que entrou no estúdio, Rosana a seguiu apressada até o escritório. — Flor, você está tão animada! Pelo visto, você está confiante no design para Lavínia, né? — Rosana falou em voz alta, atraindo a atenção de vários
Valentina chegou e, ao ver a bagunça no chão e os desenhos sujos de Daphne e Florence, franziu a testa. Antes que alguém pudesse dizer algo, Rosana se apressou, com uma expressão de indignação, e apontou para Isadora. — Diretora Valentina, a Isadora derramou café nos desenhos da Daphne e da Flor! O rosto de Valentina escureceu. Ela virou-se para olhar Isadora, que estava claramente nervosa. Isadora, com as bochechas coradas, tentou se explicar: — Diretora Valentina, foi sem querer. Eu faço isso todos os dias, nunca cometi um erro. Todo mundo aqui pode confirmar. Alguns colegas, que já haviam recebido favores de Isadora, prontamente a defenderam. — Diretora Valentina, a Isadora sempre é a primeira a chegar e preparar o café para todos. Ela é muito cuidadosa. Nunca aconteceu nada parecido antes. Deve ter sido um acidente. — É verdade, Isadora é uma das mais dedicadas e nunca reclama de nada. Ela não é o tipo de pessoa que faria algo de propósito. As vozes em defesa de I
Daphne apertava o pendrive com força. No fim, seu objetivo já tinha sido alcançado, e o processo não importava tanto. — Da próxima vez, tenha mais cuidado! Fui eu que te coloquei aqui, mas você não consegue nem ser melhor que a Isadora. Pelo menos ela tem colegas que a defendem. Saiu como vítima e ainda ganhou moral. E você? Olha pra sua situação... — Desculpa. — Rosana abaixou a cabeça, falando de forma submissa. Daphne perdeu a paciência e simplesmente passou por ela, entrando direto no escritório. Rosana permaneceu ali por alguns segundos, até que ergueu os olhos lentamente. Em seu olhar havia um brilho venenoso, como se fossem espinhos afiados. Quando ela se virou para sair, quase trombou com Isadora. Isadora não disse nada. Apenas passou direto, mas, no meio do caminho, parou e olhou para trás, lançando um sorriso inesperado para Rosana. Rosana sentiu o coração apertar por um instante. Quando tentou confirmar o que havia visto, Isadora já estava longe. Será que era a