POV Rafaella Ferraro Bianchi
O som das ondas era constante, como uma canção de ninar que embalava os dias longos da reta final da gravidez. O apartamento de frente para o mar, em Palma de Mallorca, parecia pequeno diante das emoções que transbordavam dentro de Rafaella.
O ventre já estava grande, firme e redondo como uma lua cheia. Oito meses haviam passado em um suspiro denso e silencioso. Por vezes, ela ainda acordava no meio da noite com a mão sobre o abdômen, como se precisasse confirmar que tudo aquilo era real — que havia mesmo uma vida crescendo dentro dela. Que Máximo Giuseppe estava ali, firme, forte, pulsando.
Arianna foi quem trouxe luz para os dias nebulosos.
A menina de nove anos, com seus olhos vivos e sorriso contagiante, aparecia todas as tardes com seus lápis coloridos, suas perguntas engraçadas e aquele jeitinho doce de criança que ainda não conheceu a maldade do mundo.
— Vamos pintar mais uma parede hoje? — perguntou, com um pincel torto na mão e tinta azul clara re