O mundo ardeu antes que eu o tocasse.
Não foi o fogo que me seguiu, fui eu que o chamei.
Cada passo que dei em direção à fortaleza dos sacerdotes transformava a terra em brasa, e a floresta, antes viva, silenciava como se soubesse que algo antigo e perigoso caminhava por ali.
O vento trazia o cheiro dela.
Prata, sangue e medo.
O mesmo perfume que me enlouquecia desde o dia em que a perdi.
O mesmo que agora me guiava como uma bússola viva, apontando para o coração do templo.
O céu acima já estava manchado, o eclipse começava.
Uma sombra imensa atravessava a lua, tingindo-a de vermelho.
Era o presságio, o chamado, o limite.
E eu sabia: quando a sombra cobrisse a última curva, eles tentariam sacrificá-la.
O vínculo latejava com força, misturando dor e desejo, como se a alma dela gritasse dentro de mim.
Senti o eco do medo dela e, junto, algo mais... luz.
Uma energia que se expandia, rompendo as fronteiras do corpo.
Ela estava lutando.
E eu… eu não podia chegar tarde.
Os lobos