A noite chegou como uma ferida aberta.
O céu estava escuro demais, sem estrelas, como se até o firmamento tivesse decidido se calar diante do que eu estava prestes a fazer.
O ar da floresta estava denso, pesado, e cada som parecia mais alto, o estalar de um galho, o farfalhar das folhas, o bater acelerado do meu coração.
Passei o dia inteiro em silêncio, trancada na tenda, repetindo o que havia lido na profecia, tentando negar o óbvio.
Mas negar o destino não o apaga, apenas o atrasa.
E eu não tinha mais tempo.
Desde o amanhecer, as sinetas do conselho soavam em intervalos curtos, um aviso de que a execução seria ao nascer da próxima lua.
Os guardas vigiavam a prisão em turnos dobrados, e ninguém ousava se aproximar da masmorra sem permissão.
Mas eu já conhecia as trocas de ronda.
Sabia os horários.
E sabia que o vinho barato da vigília da meia-noite era mais eficiente que qualquer feitiço de sono.
Passei as horas seguintes preparando tudo.
Enfaixei os pulsos com tecido escuro para di