As noites estavam ficando mais longas. Não era apenas o tempo ou a lua que demorava a mudar de posição no céu. Era eu. Cada noite parecia eterna, pesada, interminável. Eu tentava manter a disciplina, mantinha os treinos com os guerreiros, reunia os anciãos, participava de caçadas. Mas nada me devolvia o fôlego. O ar queimava, e o corpo não respondia como antes.
O vínculo era uma lâmina atravessada em mim. Eu a sentia cada vez que fechava os olhos. Rebecca. A lembrança de sua voz, de seu cheiro, do olhar ferido quando a rejeitei, tudo isso me perseguia. E pior: a dor não vinha só da memória. Era viva, pulsava, como se metade de mim estivesse lá fora, sangrando sozinha.
Naquela manhã, o conselho foi tenso. Alguns anciãos se mostraram impacientes com as patrulhas, cobrando mais rigor. Outros insinuaram que eu deveria nomear um substituto até que recuperasse minhas forças. Eu os escutei em silêncio, o punho fechado sobre a mesa, escondendo o tremor da mão. Não queria lhes dar o prazer de