O vento mudou primeiro.
Sempre muda antes da desgraça.
Uma rajada fria atravessou a clareira devastada, levando consigo o cheiro de sangue, fumaça e magia que impregnava o ar desde a batalha. Mas havia outro aroma ali, escondido nas frestas, ferro antigo, terra molhada, algo semelhante a ritual. Algo que não pertencia às nossas matilhas.
Eu senti antes de entender.
Minha pele arrepiou.
O ar ficou mais denso.
A luz roxa pulsou sob minha pele, desconfortável, inquieta, como se tentasse me avisar.
Danilo sentiu também.
O corpo enorme dele, ainda na forma do Alfa original, virou-se de repente. Os olhos verdes estreitaram, fixando-se em algo que só ele e a lua pareciam enxergar.
— Eles estão vindo — ele rosnou, a voz grave, sombria, carregada de um poder que nenhum outro Alfa possuía.
Eu abri a boca para perguntar quem.
Mas o céu escureceu.
Não como uma nuvem comum.
Não como a noite chegando.
Mas como se alguém tivesse puxado um véu de sombras sobre a lua.
Uma sombra vermelha.
Um círculo s