O cheiro de sangue empesteava a floresta. Pesado, viscoso, impregnado em cada folha, em cada sopro de vento. Lyra sentia o gosto metálico no ar, sentia a adrenalina pulsando sob a pele prateada da loba que agora era. Seus músculos vibravam com cada passo, o coração batia como um tambor de guerra.
Os olhos prateados vasculharam os arredores, atentos, havia mais deles.
Passos apressados.
Armas sendo recarregadas às pressas.
E, então, gritos.
— Ali! Ela está ali! Atirem!
As balas cortaram o ar como insetos de aço, mas Lyra se moveu antes que a primeira tocasse seu corpo. Ela saltou para o lado, rápida demais para ser acompanhada, uma sombra prateada deslizando entre as árvores, ágil como o vento, impiedosa como a morte.
Dois caçadores avançaram, a loba se virou, os olhos brilhando com selvageria. Rosnou alto, as presas à mostra, e correu na direção deles.
Um deles tentou mirar, mas não teve tempo.
Lyra saltou, as garras cravando fundo no peito do homem, derrubando-o com força contra o ch