No quarto, Amber contava baixinho, apenas para preencher o espaço, histórias idiotas de quando as duas tinham oito anos e resolveram “acampar” na sala e quase botaram fogo no tapete com uma vela. Lua ouvia, meio sorrindo, meio ainda em lugar nenhum.
— Eu fiquei com medo — confessou, de repente, a voz engolindo coragem. — Não pelo que eu vi comigo, mas por vocês. Não quero ser o motivo…
— Ei — Tailon interrompeu, e era raro ele interromper. — O motivo de qualquer coisa aqui é quem escolhe fazer mal, não você. — Ele deu de ombros, grande e desengonçado. — Eu não sou bom com palavras, mas… você não é uma arma para o inimigo pegar, não é uma coisa é uma pessoa, uma loba ninguém pode vir, achar que é seu dono e te “roubar”, não vamos deixar.
Amber bateu no ombro dele, orgulhosa.
— Hã, fez curso de oratória nesse verão, foi?
— Cala a boca — ele respondeu, corando até a orelha.
Lua riu de verdade, pela primeira vez desde que acordara, o riso saiu curto, quebrado, mas ainda era um sorriso.
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