Ele me lançou um olhar que dizia claramente: “não, não é só isso”.
Fez perguntas. Examinou. Pediu privacidade para ela, mas Clarissa não me deixou sair. Quando ele terminou, limpou a testa, respirou fundo e nos encarou com seriedade.
— Você está grávida.
A palavra ficou suspensa no ar, pesada, impossível, quase absurda diante do balançar lento do navio. Clarissa arregalou os olhos, as mãos tremendo sobre o colo, e por um instante pensei que ela fosse desmaiar.
— O quê…? — ela sussurrou. — Mas… não… eu…
— Sinto muito, minha jovem — o médico disse, com gentileza. — Mas não há dúvida alguma.
O navio estalou, madeira rangendo, como se até ele tivesse parado para ouvir.
Eu segurei a mão dela.
— Clarissa… respira. Vamos entender isso.
Ela balançou a cabeça rapidamente, desesperada.
— Nora… o Thomas… meu Deus… o que eu vou…?
E então ouvimos passos apressados no corredor. Passos reconhecíveis.
Era Thomas.
Ele trabalhava no porão naquele turno, descarregando sacas, organizando su