A outra semana trouxe calmaria, falsa, talvez, mas necessária.
O mar estava estável, as refeições eram abundantes, os empregados contratados se mostravam eficientes, e Eleonor reclamava menos, provavelmente porque passava boa parte do dia dormindo para evitar enjoos.
E eu… Eu começava a me acostumar com o ritmo das ondas. E com o medo, que se tornara parte de mim como uma sombra inevitável.
Mas havia momentos bons.
Eu e Clarissa ríamos baixinho antes de dormir. Thomás aparecia no quarto para verifica-lá com mais frequência. Às vezes conseguíamos ver estrelas.
Às vezes os marinheiros cantavam músicas de trabalho que ecoavam pelo casco como um canto antigo.
E às vezes, poucas, mas reais, eu esquecia de temer Sir Hamilton.
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No início da madrugada seguinte, algo mudou. Primeiro, foi o vento.
Ele entrou pelos corredores como um aviso, fazendo as lamparinas chacoalharem em suas argolas de metal. Depois, o barco deu uma inclinada tão brusca que eu acordei sentando na cama, o coraçã