Capítulo 3 – O Primeiro Toque

Os dias seguintes foram um jogo silencioso entre desejo e prudência. Luna tentou ignorar as mensagens educadas, mas insistentes, que Leonel mandava. Flores começaram a chegar no restaurante. Bilhetes discretos, mas carregados de tensão.

"Não aceito um 'não' antes de um café comigo. – L."

"Estou te esperando. Só você pode me tirar do tédio."

Ela odiava admitir, mas lia cada palavra mais de uma vez.

Naquela sexta-feira, a noite estava abafada. O restaurante lotado, clientes exigentes, garçons correndo de um lado para o outro. Luna tentava se concentrar no trabalho, mas tudo parecia fora de ritmo. Até que ele apareceu.

Em carne, osso e terno impecável.

Leonel entrou no salão como se fosse dono do mundo — e talvez fosse. Todos o notaram. Todos sussurraram.

Luna congelou. A bandeja quase escorregou de suas mãos.

Ele caminhou até ela com aquele olhar que a despia por dentro.

— Luna.

— O que você está fazendo aqui? — sussurrou ela, entre dentes.

— Tentando provar que eu não brinco.

— Eu estou trabalhando!

— Então me sirva. Um whisky. E dez minutos da sua atenção.

Ela bufou, mas foi até o bar. Os colegas a encaravam como se ela fosse a estrela de um filme proibido. Quando voltou com o copo, Leonel ainda estava ali, calmamente encostado na parede.

— Aqui está. E agora, vá embora.

Ele não pegou o copo. Pegou a mão dela.

— Me encontra hoje. À meia-noite. Vou te buscar.

— Não posso.

— Pode. E vai querer.

Antes que ela pudesse responder, ele se afastou. Deixando o copo intocado. E o perfume dele grudado na pele dela.

Meia-noite.

Luna estava em frente ao espelho rachado do banheiro da pensão, encarando a si mesma como se tentasse descobrir quem era aquela mulher que tremia só de pensar em um toque.

Ela se arrumou como quem desafia o destino: vestido preto colado, curto, justo nas curvas que ela mal lembrava que tinha. Batom vermelho. Cabelo solto.

Quando o carro parou na porta, ela já esperava.

O motorista abriu a porta e, desta vez, ela não hesitou.

A cobertura de Leonel parecia tirada de uma revista: moderna, sofisticada, com vista panorâmica da cidade. Mas o que mais chamava atenção era ele.

Sem terno. Camisa branca com os primeiros botões abertos. Olhar predador.

— Você veio — disse ele, com um meio sorriso.

— Vim saber o que você quer de verdade.

Ele se aproximou devagar.

— Quero você. Sem jogos. Sem pressa.

— Isso parece um jogo pra mim.

Ele tocou seu queixo, fazendo-a olhar nos olhos dele.

— Eu não sou o tipo de homem que pede duas vezes. Mas com você... estou disposto a esperar.

— E se eu disser que não quero?

— Vai mentir pra mim... ou pra si mesma?

O silêncio se esticou. Ela sentia o coração bater no pescoço.

Então ele se inclinou, e seus lábios roçaram os dela. Lentamente. Como uma pergunta. Como um risco.

Luna poderia recuar. Deveria. Mas não fez.

Ela se entregou ao beijo como se fosse o único ar que precisava. Ele a segurou pela cintura, puxando-a para si, sem pressa, mas com firmeza. Os corpos se encaixaram. Os lábios, quentes, famintos.

As mãos dele subiram pelas costas nuas, tocando-a como se decorasse cada centímetro. Ela gemeu baixinho, sentindo o sangue ferver.

— Você é inacreditável — murmurou ele contra sua pele, beijando sua mandíbula, seu pescoço, sua clavícula.

Ela arfava, tentando manter o controle, mas o desejo tomava conta como fogo.

Leonel a pegou pela mão e a levou até o quarto.

— Não vou te forçar a nada, Luna. Mas se ficar... vai ser tudo ou nada.

Ela olhou para ele. Para o homem que era o oposto do seu mundo. Para o abismo de promessas e perigos que ele representava.

Então, ela deu um passo à frente.

— Então me mostre o que é esse “tudo”.

Ele a pegou no colo, com força e precisão. O vestido deslizou pelos ombros. Os corpos colidiram como tempestade.

Naquela noite, o mundo inteiro deixou de existir.

Só restavam eles.

E o desejo insaciável que começava ali… sem aviso, sem freios.

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