Declarações não ditas

Durante um jantar simples em casa, Joaquim olhou para Alina e, sem pensar, disse:

— Eu te amo.

Ela parou, surpresa. O coração batia forte.

— Eu também te amo — respondeu, com lágrimas nos olhos.

Aquelas palavras selaram o que antes era implícito. Agora, não havia mais volta. Era amor.

No tribunal, Clara se mostrou fria, tentando parecer a mãe preocupada. Mas Alina, chamada para depor, emocionou a todos ao descrever os laços que Isabela tinha com o pai — e com ela.

— Eu não sou mãe de sangue. Mas sou de coração — declarou, com a voz firme.

Joaquim apertou os punhos, orgulhoso.

O juiz negou o pedido de guarda de Clara, mantendo Joaquim como responsável integral.

Mas Clara saiu do tribunal com um sorriso amargo.

— Isso não acabou.

A ameaça pairava no ar. Joaquim sabia que ainda enfrentariam batalhas. Mas agora, estavam unidos.

Naquela noite, ao chegarem em casa, Joaquim preparou o jantar. Alina brincava com Isabela na sala, rindo como uma criança.

Joaquim observava, com o coração leve.

— Lar — ele sussurrou.

Ela o ouviu e sorriu.

— Sim. Finalmente, temos um lar.

E assim, entre cicatrizes e promessas, construíam, dia após dia, algo que valia a pena proteger.

Enquanto organizava fotos antigas em casa, Joaquim encontrou uma caixinha com cartas guardadas por Alina. Eram de sua juventude, e uma delas estava assinada por “L”.

Quando ele perguntou com delicadeza, Alina hesitou.

— É do meu ex-noivo… ele me abandonou pouco antes do casamento. Nunca tive coragem de jogar fora.

Joaquim não disse nada, mas o ciúme latejou por dentro. O passado de Alina agora também era parte do presente dele — e ele precisaria aprender a lidar com isso.

Dois dias depois, “L” bateu à porta.

Lucas.

Bonito, sorridente e arrependido. Disse que havia visto Alina nos jornais e precisava “conversar”.

— Eu errei. Quero uma segunda chance — declarou, com a ousadia dos que acham que o tempo apaga tudo.

Joaquim, ao lado de Alina, apenas sorriu — um sorriso frio.

— Ela tem uma família agora. Não há lugar para você aqui.

Apesar da firmeza, Joaquim ficou abalado. E se Alina ainda tivesse sentimentos por Lucas? E se ela pensasse em voltar?

Alina percebeu o distanciamento e o confrontou.

— Você está me punindo por um passado que nem escolhi? Eu escolhi você, Joaquim. Não vê isso?

Ele a abraçou, forte.

— Me perdoa. Eu só… não quero te perder.

— Então pare de me empurrar.

Na empresa, o conselho votaria a permanência de Joaquim como CEO. Alguns acionistas estavam insatisfeitos com sua vida “exposta”.

Mas quando Joaquim entrou na sala de reunião, Alina estava lá. Discreta, mas ao seu lado.

Ele fez um discurso firme.

— Sou CEO, pai e homem. Não vou abrir mão de nenhum desses papéis. Se isso incomoda, que me tirem agora.

A maioria o aplaudiu. Ele permaneceu. Mais forte do que nunca.

Na sala de estar, Joaquim brincava com Isabela enquanto Alina os observava com ternura.

De repente, ele parou, pegou uma caixinha e se ajoelhou.

— Não quero mais te chamar de babá. Nem de namorada. Quero te chamar de esposa. Aceita casar comigo?

Alina ficou sem palavras, os olhos marejados.

— Sim, Joaquim. Mil vezes sim.

Começaram os preparativos para o casamento. Mas nada seria simples.

Clara tentou impedir a cerimônia judicialmente, alegando “ambiente instável” para a filha. Uma manobra jurídica fútil, mas barulhenta.

Joaquim enfrentava tudo com serenidade. Alina, com coragem. Unidos. Sempre unidos.

O casamento foi no jardim da casa, entre flores e amigos íntimos. Rafael foi padrinho. Isabela, com um vestidinho branco, levou as alianças.

— Prometo te amar, proteger e construir contigo uma nova história — disse Joaquim, emocionado.

— Prometo te amar até quando o amor não bastar — disse Alina.

Quando se beijaram, o passado deixou de doer. Eles eram futuro agora.

Na lua de mel, em uma casa à beira-mar, Alina contou algo que nunca tinha revelado.

— Eu tive um aborto espontâneo… com Lucas. Por isso ele foi embora. Me culpou.

Joaquim a abraçou com ternura.

— Você não está quebrada. Está viva. E me deu a chance de viver também.

Alina chorou. Era a primeira vez que alguém dizia isso a ela.

Ao voltarem da viagem, Isabela teve febre alta. Foram correndo ao hospital. O medo congelou os dois.

Felizmente, era apenas um vírus. Mas a sensação de quase perdê-la fez tudo parecer ainda mais precioso.

— Não sei viver sem ela — disse Alina.

— Nem eu. Vocês duas são minha vida.

Na última cena do capítulo, Joaquim coloca Isabela para dormir, Alina o observa na porta do quarto.

— Nunca pensei que meu mundo começaria de novo aqui — diz ele.

— E eu nunca imaginei que amar seria tão simples… quando é com você — responde ela.

Eles se beijam, com a serenidade de quem passou pela tempestade e agora colhe o sol.

Dias após o casamento, Alina recebe uma ligação de um número desconhecido. Ela atende com hesitação.

— Alina? É sua mãe…

A voz do outro lado da linha a faz congelar. Ela não ouvia aquela voz havia anos. Sua mãe a expulsara de casa após o noivado com Lucas, dizendo que ela era uma “vergonha”.

Agora, doente e arrependida, a mãe pedia para vê-la.

Alina ficou dividida. Parte de si queria virar as costas. A outra queria encerrar aquele ciclo.

Joaquim incentivou a esposa a ir até a cidade natal e encontrar a mãe.

— Às vezes, para seguir em frente, a gente precisa fechar feridas que ficaram abertas demais — ele disse.

Alina viajou sozinha. Ao chegar, reencontrou uma mulher fragilizada, com olhar triste. A mãe chorou ao vê-la.

— Me perdoa… Eu só sabia amar com medo.

Foi um reencontro silencioso, mas curador.

De volta a casa, Alina foi recebida com flores por Joaquim e um desenho feito por Isabela. Ela se emocionou com a recepção.

— Vocês são meu verdadeiro lar — disse ela, abraçando os dois.

Foi a primeira noite em que ela dormiu sem nenhum peso no peito.

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