Mundo ficciónIniciar sesiónAcusado injustamente por um crime brutal, o agente Alexander Vondrivick vê sua carreira desmoronar, sua liberdade escapar e sua vida ser arrancada das próprias mãos. Sete meses depois, mesmo fora da prisão, as cicatrizes do passado ainda o perseguem — e as dúvidas continuam vivas. Enquanto tenta reconstruir sua rotina, Alexander é consumido por uma necessidade obsessiva: descobrir quem está por trás do crime que arruinou sua vida. Mas quanto mais se aprofunda na investigação, mais percebe que o verdadeiro culpado não apenas planejou tudo com perfeição — ele o conhece. E pior: parece estar se divertindo com isso. A cada novo corpo, um recado. A cada pista, uma provocação. No centro desse jogo doentio, Alexander é mais do que um ex-agente buscando justiça — é a peça principal de uma mente que antecipa seus passos… e talvez seus medos mais íntimos. Onde a verdade se esconde? E Onde o perigo mora? Nada é o que parece.
Leer másLembro-me como se fosse hoje…
Dia 23 de novembro de 2003. 19h, aproximadamente. 3th avenue st com a E144th st Mott Haven — Bronx — O que você vai fazer amanhã? — Kate me perguntava entusiasmada. — Amanhã…? — Fingi surpresa, embora nós dois soubéssemos a resposta — Vejamos?… vou trabalhar e depois passar o jantar de ação de graças com a minha mulher! — respondi serenamente. O rosto dela apoiado sobre meu peito se contorceu em desprezo. E por instantes pareceu estar concentrada, talvez pensasse no que diria em seguida. — Por que você continua indo para aquela casa? — Kate andava me questionando sobre isso, muitas vezes, nos últimos meses. A minha resposta era sempre a mesma: — Como assim? Moro lá, é para onde vou todos os dias depois do meu expediente. — Ela odiou ouvir isso, por que sabia que era verdade Mesmo assim, se levantou e ficou sentada na cama ao meu lado, me observando atentamente enquanto insistia naquela conversa. — Mentiroso! — me disse convicta — Você sempre vem para cá, sempre me procura. — Exatamente e depois volto para minha casa, onde costumo morar — fiz questão de enfatizar essa parte. Eu já tinha dito que não queria continuar aquele assunto, nenhuma vez. Mas, Kate insistia sempre. — Fica comigo amanhã? — o biquinho se formando, enquanto encenava um ar de tristeza. — E por que eu faria isso? — Respondi secamente. Eu não conseguia compreender por que, de repente, ela passara a se incomodar com a minha vida, com as nossas regras. Não estava disposto a ceder o que havíamos combinado, então furiosa, Kate mudou drasticamente de comportamento. Sabia que era somente, algo passageiro. Ela já havia agido daquela maneira outras vezes. Permaneci imóvel, enquanto ela se levantava e começava a recolher minhas roupas do chão e as jogava sobre mim, praguejando alguma coisa sobre eu precisar ir embora. Foi o que comecei a fazer, enquanto ela seguia a trilha que se estendia até o sofá, onde meus sapatos estavam, eu comecei a me vestir. Observei calmamente toda a histeria até que segundos depois, desapareceu do meu campo de visão virando em direção à cozinha. Já havia vestido minhas roupas, estava verificando a pulseira do meu relógio de pulso, quando ela voltou. Segurava uma garrava de cerveja na mão direita, e na outra um maço de cigarros. Permaneci em silêncio, esse era o nosso jogo. Ela ficava furiosa, saia batendo o pé, e eu a ignorava completamente. O lugar era pouco arejado. Por isso o aroma de cigarro e suor, mesclado com um incenso de lavanda barato, criava um ambiente um tanto desagradável. Kate estava visivelmente irritada, mas já havia parado de xingar, naquele momento estava séria, me observava através da fumaça que escapava por entre os lábios. Se aproximou de mim e me estendeu a garrafa. — Já acabou? Ela não se prestou o trabalho de me responder, tragou o cigarro e começou a soltar círculos de fumaça em minha direção. — Nós não precisamos, fazer isso todas às vezes. É um desperdício de tempo — Alertei. — Sei — revirava os olhos enquanto, se aproximava cada vez mais — É só que… odeio ser só isso. Sai do quarto e deixei a garrafa na pia minúscula, depois voltei até onde Kate estava. Tirei o cigarro de sua boca e o joguei no chão, tomei o cuidado de apagar as cinzas e puxei o pequeno corpo contra o meu. — Não quero ter essa conversa de novo. Você sabe das regras… — Sou eu, mas e se eu não quiser mais? — Kate parecia suplicar, os olhos verdes cerrados, formando pequenas rugas ao redor. — Vai perder seu cliente favorito… — Enrolei a mão direita no emaranhado de cabelo da nuca e beijei seu pescoço — É isso o que você quer?Sem esperar por uma resposta, mordi levemente o nódulo de sua orelha. Kate resmungou, mas depois cedeu. Passou os braços no meu pescoço e pulou no meu colo, sustentei seu corpo até a encostar contra a parede e a beijei com ferocidade. Rapidamente suas mãos hábeis foram retirando minha roupa novamente e voltamos de onde havíamos parado, seguindo por mais um longo tempo.
Depois que terminamos, tomei um banho quente e me troquei. Já era tarde, eu precisava ir embora. Enquanto ajustava o coldre conferindo as balas do revólver, ouvi meu celular sinalizar uma nova mensagem. Kate ainda estava no banheiro, peguei o aparelho e fui conferir o remente. Era um novo recado de Eva. — Você tem mesmo que ir embora agora? Ignorei quando Kate apareceu fazendo perguntas e continuei digitando a resposta. Após confirmar o envio, voltei a me sentar na cama apertada e encarei a ruiva parada a minha frente. Kate continuava nua, só usava uma calcinha preta e o cabelo comprido de camiseta. Era possível ver a enorme tatuagem lateral de serpente, que seguia do quadril e descia até o tornozelo. — Eva vai pernoitar de plantão! A emergência está agitada hoje! — Comentei furtivamente. Kate não esboçava nenhuma resposta, somente ouviu e ficou em silêncio. Percebi que ela estava diferente. Inquieta e calada ao mesmo tempo. Parecia preocupada. Eu não precisava mais ficar, já havia desfrutado das horas em que paguei. Mas, naquele momento não parecia uma ideia ruim. Kate sorria, mesmo que minha intuição dissesse que ela estava fingindo. Subiu na cama e se jogou sobre mim. Eu continuava vestido, a ruiva encostou a cabeça em meu peito e ligou a televisão no canal de culinária. Tentei prestar atenção no conteúdo, mas meus olhos pesavam. A rotina da delegacia, nos últimos meses, estava frenética, por isso eu havia passado dias virado, dormindo mal. Não era surpresa nenhuma que naquele momento de paz, sem telefonemas, eu acabasse dormindo. ¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬°¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬Adentro a sala do Capitão, ainda perdido em pensamentos.As informações se chocam e se encaixam na mesma velocidade, e sinto como se minha mente não conseguisse acompanhar o ritmo.Ele fecha as persianas e tranca a porta, atendendo ao meu pedido. Kobayashi estranhou minha decisão de vir falar a sós com meu superior, mas não questionou. Ele também estava estranho quando chegamos à prisão — calado, tenso, talvez tão exausto quanto eu. Cada nova revelação parece sugar um pouco mais da nossa energia.— Sente-se, rapaz. — Ele cruza os dedos sobre a mesa, a postura rígida e firme.— Obrigado pelo seu tempo, Capitão.Ele apenas confirma com a cabeça, e o silêncio que se segue pesa.— Tenho muitas perguntas, mas sua expressão já me responde algumas — diz ele, sem rodeios. — O que você andou aprontando?Levanto os olhos na última frase. O tom revela que ele sabe de algo. E, como se lesse meus pensamentos, ele acrescenta:— Recebi um telefonema pouco depois que nos falamos... o que, diabos, voc
A terça-feira amanheceu nublada, embora o clima abafado anuncie um dia longo e quente.Estico o braço e encontro Eva dormindo ao meu lado. Seu rosto sereno contrasta com a imagem dela chorando, ecoando na minha mente como uma ferida aberta. Os acontecimentos de ontem martelam dentro de mim, reacendendo a mesma raiva e indignação.Deslizo da cama com cuidado para não acordá-la e pego o celular na mesinha de cabeceira. Assim que chego à cozinha, disco o número do capitão. Ele atende na terceira chamada.— Bom dia, tenente. — O barulho da delegacia invade a linha. — O que aconteceu para você me ligar tão cedo?Olho para o relógio pendurado na parede. Os ponteiros marcam seis e quarenta e cinco.— Eu que pergunto. Parece que o senhor caiu da cama.Ele ri, mas o som é curto, seco.— Eu gostaria de não precisar vir tão cedo. Aliás, preciso de você aqui. — Abafa o microfone para cumprimentar alguém. — O xerife Colson enviou a pasta. Vamos começar a investigar assim que o FBI chegar.Engulo a
Cada batida do meu coração carrega revolta e frustração.Não consigo digerir o que Isabela confirmou. Ela deixou claro que reconhecia Raul. Mas, sem sua cooperação e depoimento, essa informação não vale nada judicialmente. Não são provas, não são evidências legais — ainda mais pela forma como foram obtidas. E agora, preciso encontrar uma maneira de conseguir um mandato antes que ele desapareça com tudo, antes que apague os rastros como sempre fez.As informações do pen-drive continuam frágeis, superficiais, quase especulações. Sem uma confissão direta, sem testemunhos sólidos, não passam de linhas soltas em um labirinto que só eu insisto em enxergar. Mas não consigo abandonar a ideia de que Raul esteja no centro disso tudo. De que meu instinto sempre esteve certo, e que ignorei esse chamado por medo do impacto que traria para Eva. E do que adiantou? Agora, ela mesma está no meio desse furacão.Até que ponto ela está envolvida — é o que mais me corrói.Abro a porta de casa e o silêncio
Os olhos não negam.Ao ouvir a menção ao nome de Charles, o segurança involuntariamente denuncia sua surpresa. Os músculos da mandíbula se tencionam e eu vejo o lampejo de incômodo brilhar por trás da face séria e carrancuda.— Ele foi chefe de segurança do Raul. Você já deve ter visto ele. — insisto.No entanto, o homem permanece calado. Me observa com atenção, como se quisesse decifrar o real motivo da minha pergunta. Seu silêncio pesa no ambiente. Para mim, isso só significa uma coisa: ele sabe de algo e não pretende me contar — ao menos, não de livre e espontânea vontade.Olho em volta. As pessoas continuam distraídas, mas noto um ou dois pares de olhos que nos observam de longe. Não quero criar um pretexto aqui, não agora. Mas a reação dele já me dá combustível suficiente para continuar minha investigação paralela.— Bom, eu não vou ocupar mais o seu tempo. Mas, poderia me fazer um favor? — Me aproximo um pouco mais, o suficiente para que apenas ele ouça meu tom baixo. — Conte ao
Saio do prédio do departamento debaixo da garoa fina. No carro, tiro a jaqueta e confiro o pendrive que Theo me entregou. Ele continua intacto. Aproveito para ligar o para-brisa e discar para Eva. Como sempre — nos últimos dias — o telefone dá ocupado. Isso, nesse momento, me faz pensar no quão benéfico ou preocupante pode significar.Olho meu reflexo no espelho retrovisor. Minha expressão cansada reflete a mente turbulenta e caótica. Encaro meus próprios olhos, decidindo se esta é a melhor decisão ou se estou pronto para as descobertas que possa fazer. Gostaria de dizer que sou cem por cento honesto, mas isso seria mentira. Não importa quantas mentiras eu conte, a verdade sempre toma cada vez mais uma forma que eu desaprovo.Ligo a chave e sigo em direção ao consultório. Eva sempre leva o notebook de trabalho com ela — eu a vi levando pela manhã — e se quero descobrir o que esse projeto representa, não vou encontrar nada no computador do nosso escritório. Continuo tentando ligar para
Olá, queridos e queridas… Como estão?Eu não estou postando capítulos, por questões de saúde. Mas, assim que possível, retornarei.Estamos chegando no clímax e posteriormente no final do livro. Esse não é uma obra muito grande, não quero estender muitos capítulos. Por favor, tenham paciência comigo, adoro cada um vocês que estão lendo e acompanhando.Estou em repouso absoluto, mas logo poderei retornar. Mais alguns dias e eu volto a postar. Vou adiantar mais capítulos para terminar logo a obra. Obrigada pela compreensão.
Último capítulo