O quarto... um pedaço de sonho no meio da prisão
No fim da tarde, Bruno levou Rafaella até o antigo quarto dela. Quando abriu a porta... ela ficou sem reação.
As paredes em azul claro, móveis brancos, uma poltrona de amamentação, o bercinho, almofadas, bichinhos de pano, cortinas esvoaçantes... Era um quarto de bebê, mas não qualquer quarto. Era um pedaço de sonho.
— Se... se você não gostar... posso mandar mudar. — Bruno disse, enfiando as mãos nos bolsos, desconfortável, como quem foi pego fazendo algo que nunca fez na vida.
Rafaella, com lágrimas nos olhos, apenas balançou a cabeça.
— Tá... tá lindo... — sua voz se quebrou.
Por alguns segundos, os dois ficaram em silêncio. O único som era o vento batendo nas cortinas.
Bruno pigarreou, coçou a nuca.
— Você... pode... pode começar a passar um tempo aqui. Quando quiser.
E, antes que ela pudesse responder, ele virou as costas e saiu, deixando-a ali, sozinha, segurando o colar na mão, olhando aquele quarto e sentindo, pela primeira vez, que havia uma rachadura nas paredes da prisão...