O silêncio que gritava...
Rafaella levantou, meio sem saber como reagir. As mãos trêmulas apertaram a barriga, como se aquilo fosse o único escudo que ainda tinha.
— Obrigada... — disse, num fio de voz. Mas nem ela sabia se estava agradecendo de verdade ou só tentando sobreviver.
Os olhos dele percorreram o corpo dela. Ainda machucada. Ainda frágil. A marca no rosto. As mãos com curativos. O ventre... aquele ventre que agora carregava seu filho.
E, pela primeira vez, Bruno percebeu: aquele filho não era mais só um fruto do controle, do contrato, do domínio. Aquele filho, de alguma forma, já era parte dele. Parte dela. Parte de algo que ele não sabia mais nomear.
Mas, como sempre fez na vida, engoliu tudo. Engoliu o que sentia, o que pensava, o que o corroía. Se blindou de si mesmo.
— Vai. Aproveita o sol. É bom pra... vocês dois. — disse, seco, e virou as costas.
Rafaella sentou-se na varanda. O vento batia no rosto, o cheiro das flores, dos eucaliptos, da terra molhada. Mas... nada daquilo tinha sabor de libe