A névoa ainda dançava sobre os campos verdejantes da fazenda de Santiago quando Rafaella amarrou os tênis, respirou fundo e começou sua corrida matinal. O sol nascia lentamente no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e dourado. O ar fresco da manhã preenchia seus pulmões. Era ali, naquela estrada de terra batida cercada por vinhedos e cercas brancas, que ela se sentia livre.
Corria com fones no ouvido, ouvindo áudios de aulas de Direito Penal. O concurso para delegada da Polícia Federal era sua meta agora, seu foco. Uma forma de retomar o controle da própria vida, de ser novamente dona da própria história — e não apenas uma peça entre os jogos dos poderosos.
No caminho, cruzava com os peões a cavalo, que a cumprimentavam com respeito:
— “Bom dia, senhora Andrade!”
— “Bom dia, muchachos!” — respondia com um sorriso, sem perder o ritmo.
Enquanto ela treinava, Santiago a observava da varanda, de terno, tomando café. Seu olhar era calmo, protetor, mas também atento. Sabia que o n