O sol da manhã invadia o quarto de Rafaella através das cortinas pesadas. A febre havia cedido, mas o corpo ainda doía — não apenas pela infecção, mas por tudo o que tinha vivido nos últimos dias. Ao abrir os olhos, viu uma mulher de cabelos presos num coque simples, sentada ao lado da cama, trocando a compressa em sua testa.
— Quem é você? — a voz de Rafaella saiu fraca, quase um sussurro.
— Me chamo Dália. A governanta Sílvia me chamou pra ajudar nos cuidados. Fiquei sabendo que você andou passando por maus bocados. — respondeu com voz firme, mas gentil.
Rafaella a observou com desconfiança. Era jovem, talvez trinta e poucos anos, expressão serena, olhos escuros atentos, como quem via mais do que mostrava. Tinha mãos delicadas, mas seu jeito transmitia firmeza.
— Você trabalha aqui?
— A partir de agora. Vim de uma casa em Campinas. A Sílvia me conhece há anos. Fiquei sabendo que a senhora... precisa de cuidados mais próximos. — disse, medindo bem as palavras.
Rafaella sentiu um cala