Nos dias que se seguiram, Dália se tornou mais do que uma cuidadora. Era como uma sombra leal que observava, escutava e, com palavras simples e pausadas, ensinava Rafaella a olhar o mundo de outra forma. Não como vítima, mas como alguém que, mesmo encurralada, ainda pode escolher como jogar.
— A mulher que sobrevive é aquela que entende o jogo antes de sair correndo — disse Dália certa noite, enquanto escovava os cabelos de Rafaella com cuidado. — Coragem nem sempre é fuga. Às vezes, é saber sorrir na frente do inimigo e mostrar que ele não te quebra mais.
Rafaella refletia sobre aquilo enquanto o tempo passava. As aulas na faculdade seguiam o mesmo ritmo rígido. O motorista e o segurança a cercavam, mas ela andava com a cabeça erguida, com uma compostura que confundia até os olhos mais atentos.
Maria Regina, cautelosa, começou a se aproximar aos poucos. Dália foi essencial. Ela interceptava bilhetes e os entregava a Rafaella em meio aos livros ou dentro de suas bolsas. A conexão com