O silêncio não acabou ao amanhecer.
Ele apenas mudou de forma.
Narelle sentia isso na pele — como se o ar carregasse partículas invisíveis de tudo o que não estava sendo dito. Aquele silêncio parecia grudar nela, entrar pelos poros e fazer doer lugares que ela nem sabia que existiam.
Horas depois de recolher o urso, quando o sol já inundava o jardim interno, ela tentou, em vão, se convencer de que podia controlar alguma parte daquela história. Quis acreditar que bastava não responder às provocações de Kael, não ceder ao medo, manter Luxor perto.
Mas bastava olhar para o filho para saber que não era tão simples.
Luxor parecia diferente desde que voltara. Não havia marcas físicas, nada que sugerisse violência. Mas havia um vazio sutil no modo como ele evitava encará-la, como segurava o urso e passava o polegar sobre o lenço preto com cuidado quase ritual.
Ela tentou chamá-lo para brincar entre as sebes, como tantas vezes antes. Mas ele balançou a cabeça e pediu pra ficar quieto, abraçad