Capítulo 76
O Veneno do Pequeno Rei
A noite caiu pesada sobre a colina da Matilha, mas o calor dentro da casa era outro tipo de sufocamento.
A mesa de jantar estava perfeitamente posta: cristais polidos, talheres de prata, um banquete preparado por ômegas treinadas nos ritos da hospitalidade. Mas nada conseguia disfarçar a tensão que vazava pelas frestas das cadeiras.
Luxor sentava-se entre eles como um pequeno rei em seu trono. Mãos sobre o colo, olhos abaixados. A boca tremia — só um pouco.
Narelle não tocou no vinho.
— Você não precisava agir daquela forma com a babá — disse Rhaek, sem olhá-la.
— Ela deixou formigas picarem dois recém-nascidos, Rhaek. E não foi a primeira vez.
Luxor soltou uma risadinha abafada, quase involuntária. Mas Narelle notou.
Rhaek também.
— Você achou engraçado, Luxor?
O menino levantou os olhos, com lágrimas surgindo tão rápido que pareciam ensaiadas.
— Não… Só lembrei de quando eu era pequeno e vocês diziam que as formigas estavam me fazendo cócegas...
Na