RENZO ALTIERI
Eu subo as escadas com a mão dela presa na minha. É quase uma corrente invisível que me amarra nela — ou ela em mim, tanto faz. Cada degrau parece rangir sob o peso do que eu carrego dentro de mim: fome, desejo, saudade. E ela ri baixinho, aquele riso doce, como se soubesse exatamente que tipo de monstro ela desperta.
Abro a porta do meu escritório — um de muitos —, empurro ela para dentro e, antes mesmo que a porta bata, minha máscara já está no chão. Não suporto mais nada entre minha boca e a dela. Fecho a porta com força, o eco do trinco travando é música pros meus ouvidos.
Puxo minha mulher pela cintura, esmagando o corpo pequeno dela contra o meu. A boca dela é minha casa. Beijo com fome, com raiva da saudade, com a possessividade cravada nos meus ossos. O gosto dela é doce, tão doce que me faz esquecer de tudo. Os lábios macios, a língua brincando com a minha, cada gemidinho manhoso que escapa faz meu pau pulsar ainda mais duro dentro da calça. Quando eu afasto o